domingo, 10 de janeiro de 2021

Ao Domingo Há Música

Na rua do silêncio
é tudo muito mais ausente 
até foge o luar 
e até a vida é pranto 

não há juras de amor
não há quem nos lamente
e o sol quando lá vai 
é pra deitar quebranto (x2)

na rua do silêncio
o fado é mais sombrio
e as sombras de uma flor 
não cabem lá também 

a rua tem destino
e o seu destino frio
não tem sentido algum 
não passa lá ninguém (x2) 

na rua do silêncio
as portas tão fechadas 
e até o sonho cai 
sem fé e sem ternura 

na rua do silêncio 
há lágrimas cansadas
na rua do silêncio 
é sempre noite escura 
 António Sousa Freitas 

Carlos do Carmo faleceu  no primeiro dia deste 2021. Tinha 81 anos e já se despedira dos palcos  .Realizara  o último concerto da carreira a 9 de Novembro de 2019, no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Nesse dia, recebeu a chave da sua cidade, Lisboa.  O fim da sua carreira fora anunciado algum tempo antes  por considerar  não ter a capacidade de outros  para continuar a cantar :  "É o ano em que vou fazer 80 anos. 80 anos é uma idade. Será o ano da despedida, sem amarguras, sem azedumes."
Pisou inúmeros palcos em Portugal e no Mundo. Ovacionado, acarinhado e premiado emprestou a sua inconfundível voz ao Fado e a muitas outras  canções . Ora acompanhado pelos tradicionais instrumentos do fado, viola e guitarra, ora por uma orquestra ou apenas pelo piano,  Carlos do Carmo nunca deixou de erguer com singular sonoridade  e perfeita harmonia tudo o que interpretava. O seu desaparecimento entristece, mas a voz e a obra continuarão  a afirmar a intemporalidade do seu talento.
 
Na rua do silêncio, a voz de  Carlos do Carmo, num espectáculo do Casino Estoril,  em 08 de Junho de 2004,  integrado na série "O Fado do Público".
 
Carlos do Carmo,  com Bernardo Sassetti  ao piano,  em O Sol.

Carlos do Carmo e Camané, em Por Morrer Uma Andorinha.  Este dueto está incluído no CD Fado é Amor, editado em 2013.
 
Carlos do Carmo, em Os putos . É uma das mais famosas composições do  longo repertório de Carlos do  Carmo com letra   do poeta  José Carlos Ary dos Santos e música do cantor/compositor  Paulo de Carvalho.
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