sexta-feira, 23 de março de 2018

A complexidade do real

Entre a paranóia , a racionalização e a racionalidade

"(...) Pretendo concluir sobre alguns princípios que podem ajudar-nos a pensar a complexidade do real.
Antes de mais, creio que temos necessidade de macro conceitos. Assim como um átomo é uma constelação de partículas , que o sistema solar é uma constelação à volta de um astro, assim temos necessidade de pensar por constelação e solidariedade de conceitos.
Por outro lado, devemos saber que nas coisas mais importantes, os conceitos não se definem nunca pelas suas fronteiras, mas a partir do seu núcleo. É uma ideia anticartesiana, no sentido em que Descartes pensava que a distinção e a clareza eram caracteres intrínsecos da verdade de uma ideia.
Consideremos o amor e a amizade. Pode reconhecer-se nitidamente no seu núcleo o amor e a amizade, mas há também amizade amorosa, amores amigáveis. Há pois situações intermediárias, mistas entre o amor e amizade, não há uma fronteira nítida. Nunca se deve procurar definir as coisas importantes por fronteiras. As fronteiras são sempre vagas, são sempre interferentes. É preciso pois procurar definir o coração, e esta definição exige frequentemente macroconceitos."
Edgar Morin , in "Introdução ao Pensamento Complexo", Ed. Instituto Piaget,   pp. 105, 106

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