2012 em 4 minutos
Em apenas quatro minutos um vídeo colocado no Youtube no dia 30 de Dezembro mostra os acontecimentos mais marcantes de 2012. Já foi visto mais de 2,6 milhões de vezes.
"Entroikado" é a "palavra do ano", que recolheu 32% dos votos dos cibernautas, foi ontem divulgado na Biblioteca José Saramago, em Loures, pela Porto Editora, que organizou a iniciativa.
A lista teve, "como critérios, a frequência de uso, a relevância assumida ou então, simplesmente, porque se relaciona com algum tema muito marcante", justificou a editora.
"Entroikado" alcançou 32 % dos votos, mais do dobro da palavra "desemprego", classificada em segundo lugar com 14 % das escolhas.
Completa o pódio deste ano a palavra "solidariedade", com 12 % das preferências.
Seguiram-se "bosão" de Higgs, com 11%, "manifestação", com nove, "cortes", com oito, e, com 4%, as palavras "imposto" e "refundar".
Na nona posição, com 3%, ficou "democracia" e, no último lugar, com 2%, "TSU", a sigla de "taxa social única", à qual a conjuntura atribuiu quase o "estatuto" de acrónimo.
Questionado pela Lusa sobre a palavra escolhida, José Manuel Matias, da Sociedade de Língua Portuguesa (SLP), afirmou tratar-se de um "neologismo", isto é, a criação de uma nova expressão - "o que é legítimo, porque as línguas são dinâmicas e estão em constante transformação", acrescentou.
"Não é um vocábulo", prosseguiu o especialista. "Para o ser, tem de constar no dicionário e, a acontecer - o que duvido -, só daqui a dois ou três anos", argumentou.
"Se há neologismos que vingam e continuam, não será, muito provavelmente, o caso deste", vaticinou o especialista da SLP.
José Manuel Matias reconhece que a escolha é sugerida pela conjuntura económico-social, mas qualificou-a como "uma brincadeira, ou antes, usando as palavras do escritor Mia Couto, que cria muitos neologismos, isto será uma 'brinqueação'".
A iniciativa "palavra do ano" é da Porto Editora, que tem uma forte componente de especialização na área dos dicionários e da lexicografia.
Em 2009, quando se realizou a eleição pela primeira vez, a "palavra do ano" eleita foi "esmiuçar". No ano seguinte, foi "vuvuzela" e, em 2011, foi eleita a palavra "austeridade", que relegou a "esperança" para segundo lugar."Lusa
Em Cuba, ler jornais, Dumas e Balzac dá direito a ser património nacional
"Ler com os ouvidos. É o que fazem os operários das tabaqueiras de Havana. Cada fábrica tem um funcionário que lê para os colegas. Esta profissão já é património nacional. Agora, quer ser do mundo
Ganham a vida a ler em voz alta nas fábricas de charutos de Cuba. Lêem jornais, poesia, receitas de cozinha e romances eternos. Sem eles a rotina dos operários que passam os dias a enrolar folhas de tabaco não seria a mesma. De manhã, a imprensa diária, à tarde um clássico da literatura, de preferência com muito amor e intriga. Pelo meio pode haver o horóscopo da semana e até livros para ensinar a perder peso ou o último best-seller de Dan Brown. Escolham o que escolherem, os leitores são peça essencial na indústria tabaqueira da ilha dos irmãos Castro. A sua função é de tal forma importante que foi recentemente distinguida pela Comissão Nacional para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial de Cuba. E a candidatura a herança cultural da humanidade está já a ser preparada.
Os cubanos querem ver a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) reconhecer que esta profissão com 150 anos é única no mundo e que tem um papel importante na história e, sobretudo, na vida de Cuba. Não lhes basta que seja património nacional. "É bem verdade que os leitores são há muito tempo considerados uma parte chave da sociedade de Cuba e também da evolução de uma consciência política [na ilha]", diz ao PÚBLICO Antoni Kapcia, professor de História da América Latina na Universidade de Nottingham, fazendo a óbvia ligação que existe entre estes profissionais que chegaram às fábricas na segunda metade do século XIX e o movimento independentista, primeiro, e o revolucionário, depois.
É aos leitores desta indústria que se deve a politização dos trabalhadores do tabaco, que estavam, pelas mais variadas razões, entre a vanguarda política da Cuba do século XIX, "quer em termos de organização sindical e de actividade, quer em termos da radicalização dos ideais políticos", explica o especialista em história e cultura cubanas. Fiódor Dostoievski, Stendhal, Balzac, Victor Hugo, Emile Zola, William Shakespeare, Edgar Allan Poe, Herman Melville e Alexandre Dumas estão entre as leituras mais populares desde o século XIX, sempre complementadas pela informação fornecida pela imprensa diária.
Eram sobretudo os grandes romances como Madame Bovary, de Flaubert, ou Os Miseráveis, de Hugo, que ajudavam a alimentar a consciência social dos trabalhadores, diz Kapcia. "Como estavam ali sentados durante horas, a ouvir, era inevitável que neste grupo laboral, já predisposto a radicalismos - os empregados da indústria tabaqueira em todo o mundo sempre demonstraram uma propensão para a política radical -, a leitura continuada tivesse este efeito." Lucinda Canelas 31/12/2012 Público
É aos leitores desta indústria que se deve a politização dos trabalhadores do tabaco, que estavam, pelas mais variadas razões, entre a vanguarda política da Cuba do século XIX, "quer em termos de organização sindical e de actividade, quer em termos da radicalização dos ideais políticos", explica o especialista em história e cultura cubanas. Fiódor Dostoievski, Stendhal, Balzac, Victor Hugo, Emile Zola, William Shakespeare, Edgar Allan Poe, Herman Melville e Alexandre Dumas estão entre as leituras mais populares desde o século XIX, sempre complementadas pela informação fornecida pela imprensa diária.
Eram sobretudo os grandes romances como Madame Bovary, de Flaubert, ou Os Miseráveis, de Hugo, que ajudavam a alimentar a consciência social dos trabalhadores, diz Kapcia. "Como estavam ali sentados durante horas, a ouvir, era inevitável que neste grupo laboral, já predisposto a radicalismos - os empregados da indústria tabaqueira em todo o mundo sempre demonstraram uma propensão para a política radical -, a leitura continuada tivesse este efeito." Lucinda Canelas 31/12/2012 Público
Traços da contemporaneidade: espaços
de encontro (I)
Isto é arte? Práticas artísticas na
contemporaneidade
Este módulo toma como ponto de partida alguns dos comentários mais frequentes
perante as obras de arte do nosso tempo - «Isto é arte???!!!!, Isto também eu
fazia!!!» Problematizamos sobre a noção de arte fazendo percursos pela história
da arte que permitam reconhecer rupturas e continuidades e perceber a origem
histórica das marcas do nosso tempo e daqueles comentários. Para uma melhor compreensão da frequente indignação perante as obras de arte
dos nossos dias, tomamos como exemplos alguns movimentos artísticos, e obras de
arte em particular, que maior estranheza provocaram desde o século XIX. Para
ajudar à discussão são analisados textos e confrontados géneros artísticos
diversos (artes visuais, poesia, música, documentários…).
Concepção e orientação
Magda Henriques, Sara Franqueira
Este módulo realiza-se nos dias 12 e 13 de Janeiro, no CAM - Sede da Fundação Calouste Gulbenkian
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