sábado, 12 de março de 2011

Não me obriguem a vir para a rua gritar

Hoje,em Portugal, milhares de pessoas vieram para a rua

Assim cantava José Afonso e com ele cantou o povo português. Portugal está em protesto contra aqueles que se esquecem que governar é entender a voz do povo. E a voz do povo é plural e agregadora.Os jovens convocaram e veio para a rua uma imensa multidão multigeracional.Portugal tem sido castigado por governantes impreparados, por políticos surdos e pelo exercício de uma continuada política governativa sem rumo,sem coerência e razoabilidade.O governo atropela e sufoca um povo que já não pode suportar mais sacrifícios porque é de sacrifício que vai sobrevivendo . E os jovens, cujo futuro lhes está sendo roubado, acreditaram que era chegado o tempo de mudança, o tempo da verdade, o tempo de vir para a rua gitar.
E ainda estão todos na rua, num desfile animado por palavras de ordem como "com precariedade não há liberdade", "fora com os ladrões"e "Portugal, Portugal, Portugal".
" Venham mais cinco" é a canção que legenda bem este nosso dia, na voz e na força da poesia de Zeca Afonso.


Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá

Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
D'àquém e D'àlém Mar

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei

A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustem
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei

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