domingo, 2 de abril de 2023

Ao Domingo Há Música


Quedas de Kalandula ( antigas Quedas do Duque de Bragança)

Angola é um país onde gentes e paisagens se fundem em simplicidade e grandeza. Descobri-la , revê-la, revisitá-la, respirá-la são etapas de uma peregrinação que se incumpre em cada recomeço. 
Terra adentro, a largueza do horizonte enreda-nos numa interminável aventura que se repete do inaugural e majestoso alvorecer ao vespertino e incendiado poente. A emoção, o deslumbramento, o espanto, a alegria, a tristeza surgem dispersos e avassaladores para que a memória os retenha. São a parte do indizível que só as imagens sabem traduzir.
Neste Domingo, recordamos  imagens de um pôr-de-sol em Kalandula, Província de Malanje, Angola , junto às Quedas de Kalandula ( antigas Quedas do Duque de Bragança). Os olhos afundaram-se neste esplendor e não foram capazes de resistir ao encanto de tanta tonalidade abrasadora.
Registámos os momentos em que o dia quer abraçar a noite, num festim de cores que só um adeus real sabe compor. O Sol, rei e astro, surge em queda lenta, mas soberano na despedida. Subjuga e deslumbra na beleza que semeia antes de partir. Acompanhá-lo é compreender que a vida é apenas uma passagem que , de assombro em assombro, nos interpela para sugerir percursos vários e caminhos imprevistos. Dar-lhe a forma e o sabor que sonhámos é o exercício que nos é lançado todos os dias.
A música, que legenda as imagens, vem também de Angola. Fomos às raízes e trouxemos  grandes vozes angolanas: Waldemar Bastos, Gabriel Tchiema , Paulo Flores e Duo Ouro Negro.







Waldemar Bastos, em Perto e longe.
   
Gabriel Tchiema , em Azwlula
 
Paulo Flores, em  Minha Velha.
  
Duo Ouro Negro , em | Amanhã.
O povo angolano é profundamente religioso. Respeitar o Domingo com visita a um templo é uma prática enraizada.
"VILIKIYA OWATO" conta-nos a história de uma família indígena que, ao regressar da missa dominical a que assistira na missão mais próxima, não encontra, na margem do largo rio que tem de atravessar, o barqueiro que a deve levar a casa. O chefe da família grita pelo barqueiro " VILIKIYA OWATO! ", mas este não aparece. Cai a noite e com ela vem o frio e a chuva. Sem descanso, primeiro ele e depois a mulher continuam a chamar: "VILIKIYA OWATO !" 
Canção espiritual angolana, cantada num dos dialectos angolanos, muito conhecida e cantada nas igrejas."

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