terça-feira, 2 de junho de 2020

Uma luz sempre nova

Ruínas romanas, Tipasa , Argélia
"(…) eu redescobria em Tipasa que era preciso (…) amar o dia que escapa à injustiça e voltar ao combate com essa luz conquistada. Reencontrava a antiga beleza, um céu jovem, compreendendo enfim que nos piores anos de nossa loucura a lembrança desse céu jamais me abandonara. Fora ele, afinal, que me impedira de desesperar. Sempre soubera que as ruínas de Tipasa eram mais jovens que nossos canteiros de obras ou nossos escombros. O mundo nelas recomeçava todos os dias dentro de uma luz sempre nova. Ó luz! é o grito de todas as personagens colocadas diante de seu destino no drama antigo. Este último recurso era também o nosso e eu o sabia agora. No meio do inverno, eu aprendia enfim que havia em mim um verão invencível."
Albert Camus, in ”Retour à Tipasa- L'été" , Editions Gallimard, 1959

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