terça-feira, 31 de março de 2020

O Fado nasceu um dia...em Portugal


FADO PORTUGUÊS

O Fado nasceu um dia,
Quando o vento mal bulia
E o céu o mar prolongava,
Na amurada dum veleiro,
No peito dum marinheiro
Que estando triste, cantava,
Que estando triste, cantava.

(- Ai, que lindeza tamanha,
Meu chão , meu monte, meu vale,
De folhas, flores, frutas de oiro!
Vê se vês terras de Espanha,
Areias de Portugal,
Olhar ceguinho de choro...)

Na boca dum marinheiro
Do frágil barco veleiro,
Morrendo, a canção magoada
Diz o pungir dos desejos
O lábio a queimar de beijos
Que beija o ar, e mais nada,
Que beija o ar, e mais nada.

(- Mãe, adeus! Adeus, Maria!
Guarda bem no teu sentido
Que aqui te faço uma jura
Que ou te levo à sacristia,
Ou foi Deus que foi servido
Dar-me no mar sepultura.)

Ora eis que embora, outro dia,
Quando o vento nem bulia
E o céu o mar prolongava,
À proa doutro veleiro,
Velava outro marinheiro
Que, estando triste, cantava,
Que estando triste , cantava

(- Ai, que lindeza tamanha,
Meu chão , meu monte, meu vale,
De folhas, flores, frutas de oiro!
Vê se vês terras de Espanha,
Areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro...)

Adaptação do Poema de José Régio
Música de Alain Oulman


Alguns dos fados que perduram sempre vivos na memória colectiva deste nosso país de grandes fadistas. 
Recordar é viver. Vivamos, pois, um pouco com estas vozes, nestes dias mais longos.
Começamos pela  voz bela e inconfundível  de Amália Rodrigues cantando José Régio. 

Amália Rodrigues, em "Fado Português", 1970.

Amália Rodrigues, em Gaivota , 1970.

Gisela João, em Vieste do Fim do Mundo.

Camané, em  Sei De Um Rio.
Ana Moura, em  Tens Os Olhos De Deus.


Mariza, em em Ó gente da minha terra.
Dulce Pontes, em Canção Do Mar.

1 comentário:

  1. O FADO ENCARNA O SOFRIMENTO E A TRISTEZA QUE DURANTE SÚLOS - E ESPECIALMENTE NA ÉPOCA DOS DESBRIMENTOS ASSOLOU AS ALMAS DOS FAMILIARES - MULHERES, PAIS, FILHOS E FIHAS - QUE VIRAM PARTIR NAQUELAS NAUS OS MARINHEIROS QUE NELAS IAM PARA LONGAS VIAGENS QUE NÃO SABIAM SE TINHAM RETORNO OU QUANDO O TINHAM

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