domingo, 23 de setembro de 2018

Ao Domingo Há Música



                     Sentia-me parcela daquela força que me fazia oscilar; 
                      cada vez uma parte maior dela; até que finalmente
                      eu era essa própria força,  confundindo as pulsações
                      do meu sangue com as grandes batidas  sonoras
                      do coração omnipresente da natureza.
                                                       Albert Camus, Le Désert

Muda o Verão para um outro Outono . O fluir contínuo da Natureza que se realiza autónomo e imparável.  Agiganta-se, apequena-se perante nós , segundo o tempo que nela se reproduz. Tantos dias, tantos meses, um rodopiar de estações   sentido , vivido quando a vida já se fez longa. Cresce e reduz-se conforme se esgotam os anos. " O nosso ser é ser no Tempo".
Talvez este tempo se deva estender ao homem. Pintá-lo com todas as estações. O  Outono , que chega,  seria a estação  para eliminar a angústia que semeou. Teria de dar fim ao caos que se instalou por esse mundo fora. As imagens diárias, que nos chegam, são a dor que nos envergonha.  
O homem teria de homenagear a Natureza. Sentir-se parte integrante da sua força para que o funcionamento do tempo repusesse no Mundo  a misericórdia, a universalidade da paz.  Permitir a todos os homens sentir  o verdadeiro  pulsar do seu coração, alinhado com as batidas da Natureza.
Seria, então, o primeiro  Outono para o resto de todas as vidas.

O talento de Hans Zimmer, em " One day".

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