domingo, 27 de fevereiro de 2022

Interpelação aos Poetas Portugueses


Interpelação aos Poetas Portugueses
Silenciosos perante a Catástrofe
1
Mas que merda de poetas,
de liras enferrujadas,
pouco vigor nas canetas
e de iras mal mijadas!
2
Mas que vergonha de gente,
tão indigna de Camões,
de tesão deficiente
e falta de palavrões!
3
Que gente tão sem tomates
(mais são castanhas piladas!)
maricas, tatibitates,
com as tusas congeladas!
4
Onde está a vossa Musa,
bem canora e eloquente,
que ao bandido que abusa
faz frente intransigente?
5
A vossa Musa morreu?
Coragem já não existe?
A honra esmoreceu?
A lira já não resiste?
6
Gente indigna de Bocage,
cuja lira abissal
envigora o ultraje,
tal louco Gomes Leal!
7
À guerra que tudo esmaga,
oponde a lira imortal,
que ao invasor embarga
o seu avanço letal!
8
Acordai a vossa lira,
apodrecida no sono
e instigai-lhe a ira,
que não fique ao abandono!
                     27.02.2022
Eugénio Lisboa

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