quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Um singular interlúdio musical

  
De "War Requiem" , de  Benjamin Britten, interpretada pela  Berliner Philharmonike, regida pelo Maestro  Sir Simon Rattle e pelo coro Rundfunkchor Berlin,  sob a direcção do Maestro  Simon Halsey, numa gravação na Berlin Philharmonie, em 15 de  Junho de 2013.

O meu tema é a Guerra, e a miséria da Guerra.
A poesia encontra-se na miséria…
E tudo o que um poeta pode fazer hoje é denunciar.

"A história da humanidade tem sido permanentemente marcada pela alternância de momentos de guerra e paz, de conflito e pacificação, de confronto e reconciliação, de opressão e resistência silenciosa, de crise e bonança. Durante o século XX, o mundo assistiu às mais violentas e globais manifestações de ódio entre povos, muitas das quais se estenderam até aos nossos dias, e deparou-se pela primeira vez com a possibilidade da destruição total e definitiva.
Foi no longo rescaldo da Segunda Grande Guerra, em plena Guerra Fria e durante a sucessão de conflitos como o Bloqueio de Berlim, as Guerras da Coreia, do Vietname e no deflagrar da Crise dos Mísseis de Cuba, que Benjamin Britten deu a conhecer o War Requiem, o mais comovente manifesto pacifista da música ocidental. A sua crença era antiga e foi proferida na alegação para o pedido de objecção de consciência: «Uma vez que acredito que habita em cada homem o espírito de Deus, não posso destruir. Acredito que é meu dever ajudar a evitar a destruição humana. Toda a minha vida tem sido dedicada a actos de criação, sendo eu um compositor profissional, pelo que não posso participar em actos de destruição.»
No War Requiem, Britten narra a história de Wilfred Owen através dos poemas deste pacifista que morreu nas trincheiras da Primeira Grande Guerra, uma semana antes no Armistício. A inutilidade da guerra entre os homens é desmascarada nos poemas de Owen que sugerem a reconciliação dos inimigos após a morte. No contexto do Requiem, os seus textos confrontam o ritual de salvação da missa com o horror apocalíptico e sem esperança da guerra, estabelecendo um paralelo entre a morte do “soldado desconhecido” e a Paixão de Cristo.
Britten transpôs a metáfora da reconciliação entre os povos inimigos ao escrever o seu Requiem para as vozes de uma soprano russa, um tenor inglês e um barítono alemão – Galina Vishnevskaya, Peter Pears e Dietrich Fischer-Dieskau.(...)
Benjamin Britten foi o mais importante compositor britânico de meados do século XX e a sua música continuou a ser apresentada profusamente nas décadas posteriores à sua morte. Nascido em Lowestoft, na costa inglesa do Mar do Norte, viveu a maior parte da sua vida nesse mesmo condado de Suffolk. Começou a escrever música ainda na infância e, depois de estudar com Frank Bridge e no Royal College of Music em Londres, depressa causou impacto na cena musical britânica com música para a rádio, o cinema e o teatro, assim como para as salas de concerto. Passou os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial na América do Norte, regressando a Inglaterra em 1942. A sua primeira ópera, Peter Grimes, estreada em 1945, foi um sucesso imediato, seguindo-se-lhe muitas mais óperas, grandes e pequenas, a maior parte das quais se firmaram no repertório. Estas, juntamente com a sua música orquestral, coral e vocal, incluindo várias peças para jovens artistas muito apreciadas, fizeram dele uma figura célebre internacionalmente. Britten foi ainda co-fundador do English Opera Group e do Festival de Aldeburgh, um pianista dotado – muitas vezes em recitais com o tenor Peter Pears – e maestro. A sua morte aos 63 anos deixou um vazio enorme na vida musical britânica.
A oração de abertura da Missa de Requiem é cantada pelo coro num trítono fortemente dissonante, fá sustenido e dó, acompanhado pelos sinos, enquanto na orquestra uma longa melodia em ritmos quíntuplos arrastados conduz gradualmente a um clímax e esmorece."

O talento do Maestro Sir Simon Rattle  é reconhecido mundialmente. Ei-lo , em  "Nimrod" de "Enigma Variations",  de Edward Elgar, regendo a  Berliner Philharmoniker . A gravação foi realizada  na  Berlin Philharmonie, em  16 de Fevereiro de  2012.

 
E ainda Sir Simon Rattle, na Symphony No. 8 , "Symphony of a Thousand", de Gustav Mahler , na direcção da  Berliner Philharmoniker . Acompanham-no   Susan Bullock, soprano ; Erika Sunnegårdh, soprano;  Anna Prohaska, soprano;  Lilli Paasikivi, mezzo-soprano; Nathalie Stutzmann, contralto; Johan Botha, tenor ; David Wilson-Johnson, baritone ; John Relyea, bass; MDR Rundfunkchor Leipzig · Howard Arman, chorus master · Knaben des Staats- und Domchors Berlin ; Kai-Uwe Jirka, chorus master Rundfunkchor Berlin e Simon Halsey, chorus master . A gravação aconteceu na  Berlin Philharmonie, a 18 de Setembro de  2011.
 
E, por fim, duas peças de Giacomo Puccini , interpretadas por dois grandes e inesquecíveis cantores. Peças líricas que me  ocorrem sempre,  com prazer renovado ,  apesar de tantas outras consideradas superiores pelos "cultistas " de serviço.

"E lucevan le stelle"
, da ópera "Tosca, de Giacomo Puccini, numa fantástica interpretação de Luciano Pavarotti.
  
Maria Callas , em Madama Butterfly, Act 2: "Un bel di vedremo", de Giacomo Puccini.
  

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