segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Família


A Família é também Paternidade, Maternidade, Filiação
"O filho não é uma síntese de uma tese e de uma antítese, pai e mãe. A filiação é uma dimensão do próprio pai e da mãe. O pai concebe o filho, a mãe gera-o, engendra-o e o pai aprende a engendrá-lo depois. No nosso mundo nada disto se passa com clareza  e por isso nos podíamos perguntar para onde vamos ou que estamos a constituir nestas interrelações.
Não está, aqui, em causa se a sociedade é mais patriarcal ou  matriarcal. O patriarcado ou o matriarcado não destroem a família, são constituições diferentes. O que está em causa é o nosso modelo mental e a nossa atitude que leva a criar sociedades de património ou de matrimónio. O património é o encargo e a transmissão dos bens , bens de família, bens de consumo. O matrimónio é o encargo pela vida . Importam-nos os bens que se passam de pais a filhos, mas deviam-nos importar mais as comunidades responsáveis pela vida. É sempre dar lugar a um exercício de paternidade e  maternidade que a nossa sociedade tende a esvaziar. Nas famílias grandes, passadas,  a criança que perdia os pais era praticamente e automaticamente adoptada pelo tio, irmão etc.. É evidentemente importante a regulação do poder paternal, de quantos dias, de quanto se paga, de quem cura o quê; mas esvaziando o afecto. Por que é que ninguém regula o afecto, ninguém adopta como gente a tempo inteiro, de casa inteira? Estes filhos, órfãos com pais vivos, também não vão adoptar, na sua revolta; mas vão ser pais órfãos de filhos vivos.Paternidades e maternidades doentes.
E a questão que se coloca é como se passa de uma sociedade de património  a uma sociedade de matrimónio?" Vasco Pinto Magalhães

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