sábado, 24 de junho de 2023


Inviolada noiva de quietude
 
Thou still unravish’d
bride of quietness
“Ode to a grecian urn”
John Keats
 
Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me na terra, abandonado
a uma solidão que não é virtude,
antes me volve eterno condenado.
 
Passaste, suave, quieta, doce,
como quem pisa sem sequer pisar,
sendo o teu ser como se só fosse
uma brisa que nos vem visitar.
 
Inviolada noiva de quietude,
deixaste-me, podendo-me levar!
Havendo em ti tanta solicitude,
 
por que me deixaste neste penar?
Como pôde tanta suavidade
não tentar travar tanta saudade?
                             21.06.2023
Eugénio Lisboa

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