sábado, 19 de março de 2016

Que saudade, Pai

                                                                
Mas no tempo  não havia horas.
                                                                         Graciliano Ramos
Querido Pai
Era uma vida que me esperava, tendo-o a si. Dizia-se , nesta grande família, que era o filho mais parecido consigo. Não sei. Havia em si o tamanho, a voz , o jeito de alguém que me pertencia. Um sentido de pertença que era forte , que vinha de dentro para fora, numa certeza que me defendia, que me protegia. Era o Pai. E isso valia tudo.
Quando o levaram, o mundo desabou. Ficámos todos à deriva, numa triste e inexorável orfandade. O tempo passou a ter forma e medida. Minutos, horas feitos numa pesada longevidade que  separa e acentua  a distância impeditiva daquele afago paternal que dava início a este dia. 
Que saudade, Pai.


Pink Floyd &Candy Dulfer, em " Shine On Your Crazy Diamond",(Knebworth 1990)

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