terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Gente que deixa Memória

Morreu um homem livre: Manuel de Lucena
Por António Barreto
“Mais do que a inteligência, luminosa e meticulosa, mais do que a cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o carácter, íntegro e inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua liberdade.Vi-o em 1962, em Lisboa e em Coimbra, na agitação do movimento estudantil. Conheci-o em 1968, no exílio. Encontrámo-nos depois em Paris, Genebra, Roma, Argel e Lisboa. Fundámos a “Polémica” com o Medeiros Ferreira, o Carlos Almeida e o Eurico Figueiredo. Trabalhámos no mesmo Instituto durante mais de trinta anos. Colaborámos intimamente em diversos projectos. Afastámo-nos e aproximámo-nos várias vezes. Sempre com a certeza da amizade.
A sua monumental obra sobre a evolução do sistema corporativo português (“O Salazarismo” e “O Marcelismo”) é um dos expoentes maiores das ciências sociais portuguesas. O mesmo se pode dizer das suas reflexões sobre o sistema político do Estado Novo, que, singularmente, classificava de “fascismo sem movimento”.
Mais do que a inteligência, luminosa e meticulosa, mais do que a cultura, fenomenal e sem fronteiras, tanto quanto o carácter, íntegro e inconformista, o que mais apreciei nele foi a sua liberdade. Foi o homem mais livre que conheci. Porque começava por ser livre no pensamento. Nunca recusou, por preconceito ou fé, olhar para um facto ou analisar uma ideia. Nunca classificou antes de compreender.
Era conservador e revolucionário. Tinha, da família, da religião, dos costumes e da moral crenças e convicções muito próprias que as tribos habituais tinham dificuldade em reconhecer como suas. Gostava de Portugal e de Angola, custava-lhe ver um sem outra, mas desertou do exército colonial e recusou fazer a guerra, porque nenhum, Portugal e Angola, merecia tal.
Era o terror dos editores, dos directores de jornais e dos chefes de redacção: nunca respeitou prazos nem dimensões. Mas o que escrevia acabava sempre por o reabilitar e fazer esquecer a indisciplina.
Foi um verdadeiro marginal. Podia ter ganhado dinheiro, nunca o fez. Podia ter exercido cargos políticos, nunca aceitou. Podia ter acedido a posições importantes, nunca o quis.
Conseguia fazer o mais difícil: poder e saber dizer não e sim.” António Barreto em Artigo publicado no Jornal Observador
A l'âge de 79 ans.
Professeur et écrivain issu d'une famille afrikaner, André Brink vient de s'éteindre à l'âge de 79 ans. Engagé contre l'apartheid, et reconnu internationalement pour son roman Une saison blanche et sèche (A Dry White Season), cet auteur avait obtenu, grâce à cette œuvre, le Prix Médicis étranger en 1980. 
L'ouvrage, interdit de publication en Afrique du Sud, fut d'abord diffusé à Londres avant d'être traduit dans de nombreuses langues. Longtemps professeur d'anglais à l'Université du Cap, André Brink a été rattrapé par la mort dans l'avion qui le ramenait le 6 février dernier de son voyage en Belgique, où il avait été nommé docteur honoris causa de l'Université catholique de Louvain.
S'il commença ses études à l'université de Potchefstroom en Afrique du Sud, où il obtint une licence, deux maîtrises (d'afrikaans et d'anglais), il partit ensuite en France, poursuivre un cursus en littérature comparée à la Sorbonne. En 2014, il avait signé Philida, publié en France par Actes Sud (voir notre critique). 
A travers ce roman, l'écrivain revient sur un de ses sujets de prédilection : l'esclavage. Il met en scène le destin de Philida, femme noire dont la vie se déroule lors de l'abolition de l'esclavage. 
Pour approfondir
Rédacteur en chef de Savoirs et Connaissances. Invité de luxe sur ActuaLitté. 

Décès d'une romancière de conviction
Membre de l'Académie française, où elle fut élue en 2005, Assia Djebar, romancière d'origine algérienne est décédée à l'âge de 78 ans. Elle publia son premier ouvrage, La Soif, en 1957, et son œuvre est aujourd'hui traduite dans une grande partie du monde. Docteur honoris causa de plusieurs universités, elle était également membre de l'Académie royale de Belgique. 
Elle aurait mérité à de nombreuses reprises le prix Nobel de littérature, et quand Alice Munro le remporta en 2013, certains évoquaient une œuvre à qui il manquait une dimension plus universelle. Mais c'est probablement aussi parce que l'Algérie n'avait pas assez fait pour promouvoir cette romancière
Née le 30 juin 1936 dans la ville de Cherchell, Fatma-Zohra Imalhayène, qui deviendra Assia Djebar, compta parmi les élèves de l'ENS de Sèvres et étudia l'histoire de son pays, jusqu'à la passion. Sa vie se déroula entre Paris et Alger, où elle retourna en 1974 pour enseigner les études francophones. C'est également à cette époque qu'elle choisit de s'intéresser au cinéma pour réaliser un long-métrage : La Nouba des Femes du Mont Chenoua, soutenu par une musique de Béla Bartok. 
 Mais l'accueil en Algérie fut controversé – alors qu'aujourd'hui, le film est devenu un objet d'études universitaires. Romancière francophone et cinéaste furent cependant deux casquettes trop complexes à porter, et en 1980, Assia Djebar s'installa en banlieue parisienne, pour mener à bien ses activités. Elle entamera une carrière politique sous l'impulsion de Pierre Beregovoy, alors ministre des Affaires sociales, qui la nommera de 1983 à 1989 représentante de l'émigration algérienne, avec un siège au Conseil d'administration du Fonds d'Action Sociale. 
 Ses publications reprirent alors chez Albin Michel et Actes Sud et en 1995, c'est l'aventure américaine, en tant que professeur titulaire qui démarre, à la Louisiana State University, à Bâton rouge. Elle partira en 2011 pour New York, où elle sera nommée Silver Chair Professor, l'année suivante. 
 Son dernier ouvrage, Nulle part dans la maison de mon père, paru chez Actes Sud en février 2010. 
Lorsque la famille s'installe à Alger, la mère se mue en citadine à l'allure européenne et l'adolescente entame une correspondance secrète. Une histoire d'amour s'esquisse. Dans Alger où la jeune fille ne cesse de circuler, après ses cours au grand lycée, elle s'enivre d'espace et de poésie. Un an avant une explosion qui secouera tout le pays, l'amorce de cette éducation sentimentale va-t-elle tourner court ?
Nicolas Gary    
Directeur de la publication de ActuaLitté. Homme de la situation.
Filipe Pires (1934-2015)  Morreu compositor pioneiro da electroacústica.
Professor e compositor tinha 80 anos. Foi uma referência da música portuguesa na segunda metade do século XX
"O compositor Filipe Pires, um dos pioneiros da música electroacústica em Portugal, morreu no domingo,  oito de Fevereiro , no Hospital de S. João, no Porto, aos 80 anos, confirmou à Lusa fonte da família. Nascido em Junho de 1934, em Lisboa, Filipe Pires completou os cursos superiores de Piano e de Composição no Conservatório Nacional, tendo continuado os estudos em Hanôver e Salzburgo (1957-60), segundo a biografia do Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa.
Visitou os cursos de Darmstadt (1963-65), onde leccionavam compositores como Pierre Boulez e Stockhausen, e foi, mais tarde, bolseiro da Fundação Gulbenkian em Paris, sob direcção de Pierre Schae er, criador da música concreta. De volta a Portugal, deu aulas nos conservatório do Porto, Lisboa (aqui introduziu a disciplina de Electroacústica) e Braga, entre outros, além de ter sido um dos fundadores da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo (ESMAE) do Porto. “É um dos compositores portugueses mais importantes do século XX, foi pioneiro da música electroacústica em Portugal”, disse à Lusa a pianista Madalena Soveral, que interpretou várias das suas composições. Também a Casa da Música lamentou a morte de Filipe Pires, recordando que o compositor apresentou, em 2011, uma obra encomendada pela instituição, Imagens Sonoras. Madalena Soveral sublinhou que Filipe Pires é um compositor com “uma linguagem extremamente maleável e musical” e que integrou no seu trabalho “quase todas as técnicas do século XX”. Por seu lado, a professora Maria Teresa Macedo referiu que o compositor desenvolveu o seu talento “até se tornar num dos maiores compositores portugueses”, ainda que a sua obra não esteja divulgada. “O Porto deve-lhe muito e os compositores portugueses devem-lhe muito e a música portuguesa deve-lhe muito”, declarou a professora. O funeral do compositor realizou-se na Igreja da Areosa, no Porto, para o cemitério de Penafiel. "Lusa

Sem comentários:

Enviar um comentário