segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Viver com gatos ajuda a ser sábio

Quem o afirma é Eugénio Lisboa e acreditamos plenamente. Eugénio Lisboa era um  amante de gatos. Teve vários e a última, Ísis,  foi a grande companheira de todos os dias. Além de um fulgurante e multifacetado escritor , Eugénio Lisboa era um homem cultíssimo e detentor de uma  magna sabedoria. 
Acaba de ser publicado um livro dedicado ao Gato, Manual Prático de Gatos Para Uso Diário e Intenso, mas Eugénio Lisboa  escrevia muito e nunca deixou de compor  outros poemas felinos até nos deixar, a 9 de Abril deste trágico ano.  Eis alguns :

Ode (insuficiente) ao gato

De bons condimentos, é, de certeza,
feito o gato, emissor de beleza,
inventor de quanto é esbelteza,
descendente da mui alta nobreza,
dotado de altíssima destreza,
com momentos raros de safadeza,
e tiques de inigualável leveza,
mesmo meditando, a cocar a preza,
filósofo, todo ele subtileza,
implacável, mas sempre com fineza,
dado a ademanes de Sua Alteza,
fazendo tal inveja à gentileza,
de cauda perpendicular e tesa,
é tudo isto o gato, de certeza,
pra já não falar da sua esperteza!
          24.12.2023
Eugénio Lisboa
Um gato no inverno

Um gato no inverno é outro gato,
muito secreto, mas muito próximo.
Aquece-se com seu espesso fato,
de pelo muito lustroso e finíssimo.

No inverno o gato descobre nichos
impensáveis: só ele os imagina,
entre todos os concebíveis bichos,
co’a sua imaginação felina!

No inverno, melhor que nós, ele sabe
o modo sábio como se aquece
e os bons sítios onde um gato cabe!

Quentinho, escondido, o gato esquece
a actividade que embrutece
e louva o não fazer, que engrandece!
          24.12.2023
Eugénio Lisboa


NOTA: Este título – UM GATO NO INVERNO – foi-me sugerido pelo título de um romance célebre – UN SINGE EN HIVER – cujo talentoso autor, Antoine Blondin, pertenceu, com Roger Nimier, ao movimento literário conhecido como dos “hussards”.
O gato de Leonardo
Ser gato

Não é gato quem quer, é só quem pode
Se nem Leonardo inventou o gato,
o melhor é que ninguém se incomode
a querer entrar nesse campeonato.

Ser gato é empresa transcendente,
muito além de qualquer poder humano.
Sonhar sê-lo é sonho de demente,
que ignora as subtilezas do bichano.

O mais que se pode é tender pra gato,
mas sem nunca lá se poder chegar!
O percurso a fazer, longo e chato,

convida o candidato a meditar:
antes, talvez, evitar as alturas,
do que ficar com nódoas e fracturas.
          29.12.2023
Eugénio Lisboa

Inventário de razões para se ser gato

Os gatos nunca sonham com impérios,
não trocam nunca uma boa soneca
pela honra de dirigir ministérios
ou pelo direito a usar beca.

Os gatos não cambiam um petisco
por um Rolls-Royce ou por um Ferrari.
Se pretendem estender-lhes um isco,
mostrem-lhes um prato de calamari.

Os gatos têm ambições modestas:
cama, mesa e roupa bem lavada,
de vez em quando, umas lindas festas,

e, de preferência, não fazer nada!
Se o gato em qualquer nicho cabe,
o gato, acima de tudo, sabe!
          31.12.2023
Eugénio Lisboa
Metamorfose

Transformei-me finalmente num gato,
isto é, aprendi a bem viver:
trabalho e chatices não acato
e porreiríssimo é o lazer!

Viver com gatos ajuda a ser sábio,
e a descobrir tesouros escondidos :
em vez de frequentar o alfarrábio,
observar o felino bem flectido.

Os olhos do gato inculcam mistérios,
que muito importa desvendar:
antes isso que conquistar impérios,

que apenas servem para devastar.
O gato é o melhor instrutor
e, do bom viver, o melhor gestor!
          03.02.2024
Eugénio Lisboa

domingo, 17 de novembro de 2024

Ao Domingo Há Música

 

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos – onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida
E é um sonho louco este nosso mundo…
Mario Quintana, Os Degraus

Que mais desejar, quando as cordas se soltam ou as teclas acordam. A música impregna o ar e, se nos abrirmos ao momento, o sonho    acomete-nos e a loucura, que tolda o mundo, desaparece. É esse o próprio enigma da Música.
Schindler´s List Theme, de John Williams, com o virtuosismo do violinista Itzhak Perlman, acompanhado pela Los Angeles Philharmonic, sob a direcção do Maestro Gustavo Dudamel
  
Chopin, “Raindrop” Prelude, pelo perfeccionista do piano Lang Lang.
Vivaldi Winter (1st movement), com o virtuoso do violoncelo Luka Sulic , acompanhado por  outras preciosas cordas. 
 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A magnificência da natureza


Ao longe, os rios de águas prateadas
Por entre os verdes canaviais, esguios,
São como estradas liquidas, e as estradas
Ao luar, parecem verdadeiros rios!
António Nobre,

Um registo dos melhores momentos da Natureza  para lembrar quão desastrosa tem sido a mão humana  ao agredi-la com desleixo, ganância e severa destruição. Basta um olhar para que se conclua que se vai perdendo  essa beleza gratuita, com tanta agressão e algumas calamidades incontroláveis. 
Não há cimeiras climáticas que sejam suficientes para estancar a poluição, se o Homem o não  quiser.
Os melhores momentos da Mãe Natureza ,em 4K HDR 60 FPS Dolby Vision 

"Mergulhe na beleza, de tirar o fôlego,  do nosso planeta com "Os melhores momentos da Mãe Natureza em 4K HDR 60 FPS Dolby Vision". Este vídeo impressionante captura as paisagens dramáticas e inspiradoras que a natureza tem a oferecer, exibindo cores vibrantes e detalhes intrincados que ganham vida em ultra-alta definição. De pores-do-sol serenos a cachoeiras estrondosas, cada quadro é uma celebração do mundo natural, habilmente filmado em resolução 4K e aprimorado com tecnologia HDR para uma experiência de visualização incomparável. Sinta o poder da natureza enquanto explora montanhas majestosas, florestas exuberantes e oceanos tranquilos, todos apresentados em hipnotizantes 60 quadros por segundo para um movimento fluido que dá vida a cada cena. Seja  um amante da natureza, um viajante ou simplesmente buscando um momento de paz e tranquilidade, este vídeo certamente o  cativará e inspirará. Não se esqueça de desfrutar, comentar e se inscrever para mais experiências visuais impressionantes que destacam a beleza do nosso mundo. Ative suas configurações Dolby Vision para a melhor experiência de visualização! Junte-se a nós nesta jornada visual e testemunhe os melhores momentos da Mãe Natureza como nunca antes!"

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Aqui , ao lado, mora um povo que canta

Fotografia de Emilio Beauchy, aproximadamente 1885.Sevilha, Espanha

Aqui , ao lado, mora um povo com história . História que, tal como a nossa, tem raízes profundas onde se entrelaçam portugueses e espanhóis ou não partilhássemos todos a vetusta Península Ibérica. 
Há quem diga que o choro do "Cante Jondo" tem  idêntico trinar  no Fado. Que se descortina  a alma de cada povo através desses cantares.  
"O 'cante jondo' é um estilo dentro do flamenco, uma forma de expressão. De acordo com o dicionário da Real Academia Espanhola, o 'cante jondo' ou 'cante hondo' é o canto andaluz mais genuíno, de sentimento profundo. O termo 'jondo' não é mais do que a forma dialetal andaluza da palavra 'hondo', que é aquilo que tem profundidade. Federico García Lorca, (1870-1920), um dos poetas espanhóis mais representativos do século XX, reivindicou-o como o canto andaluz por excelência, um canto profundo, sincero, de tom grave e de grande intensidade. No flamenco, esse canto é o de maior emotividade. Segundo o poeta, é o canto mais escuro e misterioso onde a magia do duende se manifesta  num momento imóvel e único. O cante jondo aproxima-se do ritmo dos pássaros e da música natural do álamo preto e das ondas; é simples em antiguidade e estilo. É também um raro exemplo de canção primitiva, a mais antiga de toda a Europa . Para Lorca, o duende é uma espécie de espírito mágico, passional e original que só pode ser sentido em momentos pontuais e que  não tem nada a ver com a técnica, e sim com o sentimento. Como dizia Goëthe, é um poder misterioso que todos sentem e que nenhum filósofo explica."
Em 2010, a Unesco declarou o flamenco Património Cultural Imaterial da Humanidade. 

Nestes dias calamitosos da região de Valência (Espanha), vítima de uma  pesada intempérie,  acorrem-nos, em jeito de grande apreço e solidariedade, as vozes de excelentes cantores de flamenco.
Niña Pastori e  Miguel Poveda, em   Ya No Quiero Ser,  do Álbum " Realmente Volando ", gravado em directo  do  Teatro Real de Madrid,  em 2018.
 
Um dos maiores nomes do flamenco, Enrique Morente, (1942-2010), em La Alhambra lloraba.
   
Estrella Morente, filha de Enrique Morente, em La gazpacha - La repompa - La tía Concha.
   
 India Martinez , em  El Aire y El Baile.
   
Ángeles Toledano,  uma das mais promissoras vozes da nova geração  de flamenco, em  Bulerías, (Música para mis oídos) .
 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Pensamento do dia

" Em épocas de perigo político, os homens adoptam doutrinas idiotas e destruidoras e abdicam de pensar com justeza.  Perseguem ainda aqueles que o fazem , com ferocidade maior ou menor , conforme o grau de medo que atingiram . Até que ponto este processo foi levado na Rússia, todos nós o sabemos.  Temos muitas razões para recear  que, ainda que talvez sob uma forma menos feroz , algo que não será de todo dissemelhante venha a acontecer no Ocidente. "
Bertrand Russell, in Realidade e Ficção, Publicações Europa-América, p 155

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Os dez melhores romances que li

Os dez melhores romances que li
por Eugénio Lisboa
" Pedem-me que indique os dez melhores romances que até hoje li. A resposta é evidente que é impossível. Porquê dez? Porque não doze, ou vinte ou cinquenta? Há, neste número, dez, um não sei quê de arbitrário. Seja como for , entremos no jogo. Suponhamos , por exemplo, que se trata de limites de espaço, de limites de bagagem...
Segundo André Gide, foi Jules Lemaître que lançou a moda destes jogos: " Tendo que passar o resto dos seus dias numa ilha deserta, quais os vinte livros que desejaria levar consigo?" Jules Lemaître era menos rigoroso: vinte em vez de dez, e livros, em geral, sem indicação de que devessem ser romances. Romances, limita. Por outro lado, esta escolha reflecte sempre as inclinações pessoais de cada um. Como dizia Somerset Maugham, a quem também perguntaram pelos seus dez, uma pessoa apaixonada por música tenderá a incluir livros que tenham que ver com esse mundo (o Doutor Fausto, de Thomas Mann, por exemplo). Um espanhol ou um francês, segundo Maugham, nunca se lembrariam de incluir o Pride and Prejudice, de Jane Austen que, para um inglês, é provável que se torne obrigatório. Por outro lado, a Princesse de Clèves, de Madame de Lafayette, inevitável para um francês , poderá ser esquecida pelo inglês, pelo espanhol ou pelo alemão. E por ai fora. Quis apenas dar uma ideia, ainda que superficial, das armadilhas que espreitam este tipo de escolhas.
Por outro lado, quando se ama profundamente um autor, a tentação é grande de escolher os livros todos desse autor e esquecer os outros. Porque não? Porquê escolher o Le Rouge et le Noir de Stendhal e deixar de fora La Chartreuse de Parme e o Lucien Leuwen?
Porquê aceitar a convenção (arbitrária e, se calhar, injusta) de que se não deve seleccionar mais do que um livro de cada autor? Porquê os Karamazov e não Os possessos , o Crime e Castigo ou O Idiota? Quase percebo a tentação em que se deixou cair um crítico inglês, quando lhe perguntaram quais os seis maiores romances deste século. respondeu, sem hesitar: " Quaisquer seis , desde que sejam todos de Conrad." A mim, quando um dia me perguntaram pelos meus três compositores preferidos, também não hesitei: " Mozart, Mozart e Mozart". Há que ter a coragem das nossas convicções...
Feitas as reservas anteriores, irei dar, não a minha lista de dez, mas duas, três ou quatro listas de dez, todas elas viáveis e duvido que alguma delas especialmente melhor do que as outras. É o meu modo de afirmar, com ênfase, a relatividade destas escolhas:
Primeira Lista:
Le Rouge et Le Noir, Stendhal
Le Cousin Pons, Balzac
Middlemarch, George Eliot
David Copperfield, Charles Dickens
Os Irmãos Karamazov, Dostoievsky
Ana Karenina, Tolstoi
Les Liaisons Dangereuses, Choderlos de Laclos
Nostromo, Joseph Conrad
Os Maias, Eça de Queirós
Jogo da Cabra Cega, José Régio

Segunda Lista
La Chartreuse de Parme, Stendhal
Adolphe, Benjamin Constant
Guerra e Paz, Tolstoi
Amor de Perdição, Camilo Castelo Branco
As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain
À la Recherche du Temps Perdu, Marcel Proust
O Processo , Kafka
O Doutor Fausto, Thomas Mann
Moby Dick, Herman Melville
Le Chaos et La Nuit, Henry de Montherlant

Terceira Lista
Vilette, Charlotte Brontë
Great Expectations, Charles Dickens
Tess of the D'Urbervilles, Thomas Hardy
Amor de Salvação, Camilo Castelo Branco
A Loucura de Peredonov ( ou O Demónio Mesquinho) , Fiodor Sologub
Dom Casmurro, Machado de Assis
Les Faux Monnayeurs, André Gide
Les Thibault, Roger Martin du Gard
A Confissão Impúdica, Junichiro Tanizaki
Para Sempre, Vergílio Ferreira

Quarta Lista
Wuthering Heights, Emily Brontë
Os Possessos, Dostoievsky
Niels Lyhne, Jens Peter Jacobsen
Madame Bovary, Flaubert
L'Immoraliste, André Gide
Etzel Andergast, Jacob Wasseman
Les Jeunes Filles, Henry de Montherlant
The Heart of the Matter, Graham Greene
Nome de Guerra, Almada Negreiros
Sons and Lovers, D.H. Lawrence

Posto o que, fico perfeitamente inconsolável por causa de todos os nomes e títulos que deixei de fora... os quais me ficam a azedar a alma, sussurando-lhe que são indesculpáveis as exclusões que fiz. Onde ficaram Cervantes, Sterne, Fielding, Musil, Svevo, Goncharov, Teixeira Gomes, Guimarães Rosa, Faulkner, Gogol etc.,etc., etc.? Até à náusea... Não me perdoarei nunca, por exemplo, não ter incluído esse notabilissimo romance que é The Sun Also Rises, de Hemingway. E, depois, a palavra "romance" exclui do mundo da ficção as histórias menos longas de Karen Blixen, de Isaac Bashevis Singer, de Irene Lisboa... Mais vale terminar mesmo! De uma vez por todas."
                                                            Londres, Março de 1985
Eugénio Lisboa, in Portugaliae Monumenta Frivola, Universitária Editora, Lisboa,pp.301-303

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Canto para Angola


Canto para Angola
 
Hei-de compor um dia
um canto sem lirismo
nem tristeza
digno de ti, ó minha terra.
 
Hei-de compor um canto
livre e sem regras
que de boca em boca vai partir
nos lábios de velhos e meninos.
 
Será o canto do pescador
com todos os sons do mar
com os gemidos do contratado
nas roças de São Tomé.
 
Será o canto de todos os dramas
do algodão do Lagos & Irmão
o das tragédias nas minas
da kitota e da Diamang.
 
Será o canto do povo
o canto do lavrador
e do estudante
do poeta
do operário
e do guerrilheiro
falando de toda Angola
e seus filhos generosos.
Jofre Rocha, in Assim se fez madrugada, Edições 70, 1977

Andar de olhos abertos. Descobrir. Absorver. Deixar entrar tudo o que se abarca numa diversidade desconcertante é o desassossego dos dias em África. Imparável, inebriante, imprevista, incómoda, infinda, inigualável, inquieta… importuna quem avista  para se intrometer sem permissão. Em África, estar ou viver é sempre in e dificilmente out.

Quem nasceu, viveu ou visitou África ficou preso na beleza  daqueles largos horizontes. O fascínio  desse imenso continente captura para sempre quem ousa mergulhar no mar dos muitos e longos areais, quem se perde na frondosa vegetação das suas terras ,  quem se atreve a descobrir a savana, o planalto ou o deserto. 
Escolher para onde ir, quando tudo se insinua em desconhecida volúpia paisagística, é o maior desafio para quem chega ou (re) torna a Angola. 
Angola, país africano,  que celebra hoje  o 49º  aniversário da independência. Um país de gente que labuta e que sonha .Um país de gente que  sempre almejou um futuro sem pobreza e  sem injustiça social. 
Descobrir  Angola é também ouvir o seu cantar . A canção foi e será uma das mais vigorosas expressões do sentir angolano. 

Bonga e Paulo Flores , em Mona Ki Ngi Xica.  
    
 Paulo Flores com Yuri da Cunha , em Njila ia Dikanga .
     
Rui Mingas, em  Undengue Uami  ("A minha Infância") .[Legendado]
   
O incomparável Waldemar Bastos, em  Muxima. 

domingo, 10 de novembro de 2024

Ao Domingo Há Música


Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca,
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…
Carlos Drummond de Andrade, O Amor bate na aorta

O mundo , essa grande e constante incógnita . Vê-se, assiste-se, tenta-se compreender mas,  num ápice, tudo se modifica . No entanto,  o poeta vai mais longe. Descortina o amor que viaja  sem mapa  e não ousa compreender aquilo mais que também vê. É essa a sabedoria da poesia.  Assim o faz a música. 
Ouçamo-la.

Mahler's 8th symphony Finale , pela Wiener  Philharmoniker, sob a direcção do Maestro Welser-Möst e pelos coros :Chöre:Wiener Sängerknaben, Wiener Singverein e  Wiener Singakademi.

Gustav Mahler: Symphony No. 2 , pela Rundfunkchor Berlin  e  Berliner Philharmoniker,  sob a direcção do Maestro Simon Rattle. Gravado no Berlin Philharmonie, em 31 de Janeiro 2015.