sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Escravatura, a peçonha do Homem

      
   Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras
                                                             Padre António Vieira 


Ranking é uma palavra comum que comummente mede numa escala as posições de várias e múltiplas situações. Não sei qual o resultado, em termos de aprendizagem, para os responsáveis pelas situações analisadas. Embora não se conheçam sempre as credenciais dos promotores de um Ranking  , os resultados que surgem são sensacionalmente surpreendentes. Alguns chocam e dilaceram a nossa sensibilidade.A raiva e a indignação tomam-nos. É o caso deste que foi efectuado por uma organização australiana. Medir a escravatura no Mundo. Pensar que a escravatura já tinha terminado e que Portugal fora pioneiro nessa abolição era  ou deveria ser um acto puro de convicção. Mas não terminou. Não. Permanece feroz e vestida de outras  cruéis formas. O mundo transformou-se. Não se redimiu e ainda não se transcende. Os homens continuam a falar ao vento.

Há quase 36 milhões de escravos em todo o mundo
"Há 35,8 milhões de escravos em todo o mundo, o que representa 0,5 por cento da população do planeta. Portugal também aparece no ranking, com 1400 pessoas referenciadas. Os números são da Walk Free Foundation, uma organização australiana de defesa dos Direitos Humanos.Dos 167 países analisados, Portugal ocupa a posição 157. A Índia é o país que regista maior número de escravos: 14,29 milhões num país com 1250 milhões de pessoas. Na maioria as pessoas são usadas para prostituição e trabalho forçado. Mas é na Mauritânia que há um maior número de escravos por habitante, ou seja, quatro por cento.



A Walk Free identifica como escravos todos aqueles que são forçados a trabalhar, que trabalham para pagar dívidas, vítimas de tráfico, de exploração sexual em troca de dinheiro e aqueles que são obrigados a casar. 
De acordo com a Organização Internacional das Migrações, algumas das vítimas são muito novas, com apenas cinco ou seis anos de idade.

O continente com menor número de escravos é a Europa, enquanto a Ásia é o continente com o maior índice. Nos melhores lugares da tabela surgem Islândia, Irlanda e Luxemburgo.

Walk Free pede mais cooperação internacional

À excepção da Coreia do Norte, todos os países do mundo têm leis para combater qualquer forma de escravatura, mas nem por isso os resultados têm sido os melhores.

O relatório, agora apresentado pela Walk Free Foundation, pede mais cooperação internacional, designadamente que os governos aumentem as penas ao tráfico humano e pressionem a iniciativa privada a combater o trabalho forçado ou indigno nas cadeias produtivas.
Para medir as respostas governamentais ao problema foram usados os seguintes factores: apoio às vítimas; mecanismos de justiça criminal; coordenação e responsabilização do governo; atitudes, sistemas sociais e instituições, empresas e governo.


O relatório destaca que a abordagem do governo da Holanda para enfrentar o problema é a mais abrangente. O Brasil está à frente de Portugal, entre os países com respostas governamentais mais firmes, ao encorajar as empresas a pressionarem o fim do trabalho escravo nas diversas etapas nas cadeias de produção.
"Existe a ideia de que a escravatura é um problema do passado ou que só existe em países assolados pela guerra e pela pobreza", diz Andrew Forrest, presidente da Walk Free, no mesmo relatório.
A organização contabilizou  um aumento de pessoas reduzidas à escravatura de 20% face a 2013, não suscitado por um aumento do número de casos mas antes pela aplicação de uma metodologia mais eficaz.
África e Ásia são os continentes com o maior número de "escravos".
Cinco países concentram 61% das pessoas exploradas: a Índia, onde "existem todas as formas de escravatura moderna", surge à cabeça com 14,3 milhões de vítimas, seguida da China (3,2 milhões), Paquistão (2,1), Uzbequistão (1,2) e Rússia (1,1).
Em termos de percentagem de população reduzida à escravatura, a Mauritânia regista a maior proporção de vítimas de escravatura moderna (4%). A escravatura é "hereditária" e "enraizada na sociedade mauritana", explicita o relatório.
Neste cenário particular, seguem-se o Uzbequistão, Haiti e Qatar.
Islândia e Luxemburgo são pelo contrário considerados os países mais exemplares, com apenas 100 vítimas cada um. A França conta com 8.600 casos de "escravatura".
A Europa possui a proporção mais fraca de pessoas exploradas (1,6%), apesar de terem sido detectadas 566.200 pessoas reduzidas à escravatura, frequentemente vítimas de uma exploração sexual ou económica. A Bulgária, República Checa e Hungria lideram os países em piores condições por percentagem de população, numa lista que é liderada pela Turquia, com 185.500 casos.
"Estas conclusões mostram que a escravatura moderna existe em todos os países. Somos todos responsáveis pelas situações mais atrozes em que a escravatura moderna existe”, salienta Forrest." Fonte: RTP e JN

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