sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O país dos milhões

Após conversações mediaticamente divulgadas , as delegações mandatadas pelo Governo e pelo PSD interromperam os encontros por causa de cerca de  200 milhões de euros, quantia considerada irrisória por parte dos sociais-democratas e pelos analistas políticos. Num país, cuja  população atinge os 10 milhões , falar  em milhões não  transforma  Portugal num país de milionários. Todos os dias, num labor incansável, a  miséria e a pobreza de rédea  totalmente solta   vão batendo às portas,  por esse país fora.
Assim,  como pode ser irrisória  uma verba destas  que pode  alterar radicalmente a condição social de muitos portugueses ? Claro que há aqui qualquer coisa que nos escapa. Possivelmente, estes milhões são irrisórios porque  não podem ser vistos  apenas como um todo autónomo. O  Ministro das Finanças foi peremptório. Não os pode dispensar , mais ainda,  pertencem-lhe  como parte integrante de um erário que, por direito, lhe foi doado.
Ora, o que nos é doado, é doado. Pertence-nos. Quem o quiser, a ele não tem acesso.  E reside, aqui,  a explicação para este desentendimento e para esta guerra de milhões. Os portugueses, NÓS, já doámos e  vamos continuar a doar ao Governo , representado pelo  Ministro das Finanças, milhares de milhares de milhões de euros . Retirar qualquer insignificância de milhões de euros a tantos  milhares de milhões previstos é proibido e catastrófico. A  casa dos   representantes do povo , a Assembleia da República, cujo orçamento tem o mesmo valor, apenas cerca de 200 milhões de Euros, poderia fechar.  A presidência do Conselho seria obrigada a restringir  as dezenas de milhões orçamentadas para a manutenção do seu Gabinete,  sujeitando-se a uma dolorosa e  sacrificada sobrevivência . E outros exemplos de catástrofe iminente poderiam ser enumerados, numa sequência de implosões proibidas.
E, então, como ficaria este país sem esta gente ilustre? Se fosse poeta  responderia:  mais livre e mais feliz.
Não o sou e, por isso, acabo de ter conhecimento de que as conversações foram retomadas e de que  a guerra dos milhões  termina por ordem de quem mais ordena. Quem será?  Não é o vento certamente e NÓS também não.

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