quinta-feira, 9 de abril de 2015

Cantar

Belezas são coisas acesas por dentro
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
Belezas são coisas acesas por dentro
Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento
Lágrimas negras caem, saem Dói”

«“Lágrimas Negras” (Jorge Mautner – Nelson Jacobina) é um grande momento do disco Cantar de 1974 de Gal Costa. Canção melancólica, triste, visceral, de uma beleza ímpar. 1973 tinha sido o ano do fim do milagre brasileiro, da grande crise mundial do petróleo. Não se falava em outra coisa naquele ano a  não ser no “ouro negro”. Num paradoxo poético, recheado de eufemismos, a música dá às lágrimas a cor e densidade do petróleo. Lágrimas negras inundavam o mundo, o fim dos sonhos flower power. Como num cortejo fúnebre, a voz de Gal Costa esvai-se da melancolia da letra, dando um tom triste, definitivo, que contrasta com a leveza de várias faixas. Se ela começou “contente” com “Barato Total”, ela termina triste, densa, com “Lágrimas Negras”; são nestes contrastes que a Gal Costa tropicalista sobressai à Gal Costa bossanovista." in Virtuália


Cantar apresentou uma Gal Costa mais amadurecida e sofisticada nas interpretações, distanciada dos arroubos juvenis e dos cabeludos de então. E para quem ainda duvidava até onde ela poderia chegar, o coro da canção “O Céu e o Som” professava claramente:
Quem foi que disse que essa mulher não voa?”»

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