quarta-feira, 6 de junho de 2012

Prémio Príncipe das Astúrias para Philip Roth


Aos 79 anos, o escritor norte-americano Philip Roth recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias, com elogios à sua "escrita fluída e incisiva". “O escritor norte-americano Philip Roth foi hoje agraciado com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras 2012, derrotando, na última fase de votações, o outro finalista, o japonês Haruki Murakami. O júri, reunido hoje em Oviedo, Espanha, decidiu por maioria atribuir o galardão a Philip Roth, por considerar que a obra literária do escritor faz parte do "grande romance norte-americano", seguindo a tradição de John Dos Passos, Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Saul Bellow ou William Faulkner. Através de uma "escrita fluída e incisiva", o escritor revela uma "complexa visão da realidade, que se debate entre a razão e o sentimento, como sinal dos tempos e do desassossego do presente", refere a ata do júri. Eterno candidato ao Prémio Nobel da Literatura Philip Roth, natural de Newark, Nova Jérsia (1933), é considerado um dos melhores escritores norte-americanos dos últimos 25 anos, tendo sido proposto várias vezes para o Prémio Nobel da Literatura. Em 1998, obteve o Pulitzer com o romance "Pastoral Americana" e tem uma obra que reflete a sua curiosidade pela identidade pessoal, cultural e étnica e pela criação artística. Em 2011, foi distinguido com o "Man Booker International Prize" para ficção, pelo conjunto da sua obra literária. A obra de Philip Roth é publicada em Portugal, sobretudo pela D. Quixote, e inclui títulos como "Pastoral Americana", "Casei com um comunista", "O complexo de Portnoy", "A mancha humana", "O fantasma sai de cena", "Todo-o-mundo", "A conspiração contra a América", "Património", "Humilhação" e "Nemésis". "Tricky Dick" ("Our Gang, Starring Tricky Dick And His Friends"), uma sátira sobre os anos de Richard Nixon na Casa Branca, foi um dos primeiros títulos do escritor em português, editado após o 25 de Abril, em 1975. António Lobo Antunes era um dos candidatos De acordo com a agência EFE, este ano existiam 24 candidatos ao prémio, no valor de 50 mil euros, entre os quais o escritor português António Lobo Antunes, a canadiana Alice Murno, o norte-americano Jonathan Frazen e o irlandês John Banville. Também foram apresentadas propostas para atribuição do prémio ao colombiano Gabriel García Márquez e ao sul-africano J.M. Coetzee, mas com poucas hipóteses de escolha, por terem já sido distinguidos com o Nobel da Literatura, refere a agência noticiosa. Philip Roth é o quarto escritor norte-americano a receber o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes, depois de Arthur Miller (2002), Susan Sontag (2003) e Paul Auster (2006). No ano passado, o galardão foi atribuído ao escritor e músico canadiano Leonard Cohen. “ in “Expresso” em 6/06/2012

1 comentário:

  1. Desta vez - e mais uma vez - o Prémio "príncipe das Astúrias" distingue um pensador, e não meramente um escritor ou um romancista. Se precisamos de romance - e não o negamos - necessitamos mais, muito mais - como de pão para a boca - de quem nos ajude a reflectir, a pensar a razão, os possíveis porquês, a evolução da socieade e do mundo, que o mesmo quer dizer das pessoas, de todos nós. Só felicitar Philip Roth e o Júri. Outras escolhas o mereceriam também... No entanto, esta é acertada!
    ... Uma palavra mais. Uma palabra. O testo do "post" menciona John Dos Passos. Essa palavra é para recordarmos John dos Passos, escritor, político e pensador norte americano, altamente cotado e considerado nos U.S.A. no seu tempo, e que influenciou fortemente a sua geração, no século XX. John era de origem portuguesa, tendo visitado por diversas vezes Lisboa e a terra de seus pais. Na última viagem, já em avançada idade... notava-se-lhe no rosto uma satisfação indiscritível. Apresentaram-lho como uma das mais destacadas figuras do mundo das Letras e da Imprensa Americana. E era-o! Era uma personalidade proeminente, mas algo contraditória, também... E quem não o é, quem não é contraditório?!... Jesus da Galileia igualmente o foi e ainda o é!... Pois, Dos Passos afirmou através das várias entrevistas que deu aos jornalistas, sempre sentir "uma secreta ternura que o emocionava e uma enamorada nostalgia" pela terra de seus pais, por Portugal. Olhava, então, olhava com respeito e um certo ar expectante todos os que se acercavam dele... E mirando-os, escutando-os, procurava talvez extrair para sua memória visual algumas características fisionómicas dos rostos, aliadas à configuração da paisagem, ao solenismo das cerimónias com que o acarinharam, ao carácter das gentes portuguesas. Lembram-se dele?... E das suas visitas?... Murmurava à despedida... - "Vim, venho sempre tarde demais (na idade)... mas ainda a tempo!..." E à despedida, na última visita, proferiu: " Por aquilo que sou e represento no meus país, nos U.S.A., obrigado a vocês, obrigado portugueses, obrigado por tudo!..."

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