sábado, 1 de janeiro de 2011

Inventar a ESPERANÇA

DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Mario Quintana , in "Espelho Mágico"

Existem situações históricas, políticas , económicas que transfiguram o Mundo num labiríntico pesadelo onde o homem se perde , embora procurando o caminho que o resgate.  2011 acaba de nascer após um longo ocaso de turbulência que  promete mais  sobressaltos e inseguranças. Diz-se que a cultura do progresso pressupõe uma direcção certa para que  a progressão seja efectiva e real.  Assim , o desenvolvimento económico determinaria implicitamente o desenvolvimento social e individual. Ora, a linearidade deste causalidade não comportava o risco , o imprevisto, a desordem e muito menos ainda  a imensa verdade de que todo o progresso não é duradouro mas precário e composto de reversibilidade. O homem como centro de uma organização produtiva é  tese e antitese, produz e destrói, pelo que a progressão determina a regressão , enquanto vulnerável ao inesperado,  ao imponderável do devir.
A crise deste nosso século não se deve "apenas de o desenvolvimento estar em crise  e produzir a sua própria crise. Trata-se de o desenvolvimento trazer consigo subdesenvolvimento, isto é, de o seu progresso comportar e ocasionar regressões. O desenvolvimento aparece-nos de súbito como uma realidade crísica e crítica que ocasiona tantas destruições como criações, tantas  regressões como  progressões, e damo-nos conta de que a ideia de desenvolvimento, sob a sua forma simplista e eufórica, economística e tecnológica, era um mito demente do pensamento tecno-burocrático moderno: mais uma vez o delírio abstracto era tomado pela racionalidade " (Edgar Morin)
O desenvolvimento é, então, inseparável do subdesenvolvimento e o devir do mundo processa-se em regressão da progressão ou em progressão da regressão como afirma Edgar Morin.
Perante esta realidade teremos de inventar a esperança partindo do pressuposto que das cinzas renasce a vida e que do desespero da  perda renasce um   ciclo mais luminoso e promissor  porque será gerado  pelas esperanças perdidas.

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