sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Talvez

Talvez

 Talvez não ser,
 é ser sem que tu sejas,
 sem que vás cortando
 o meio dia com uma
 flor azul,
 sem que caminhes mais tarde
 pela névoa e pelos tijolos,
 sem essa luz que levas na mão
 que, talvez, outros não verão dourada,
 que talvez ninguém
 soube que crescia
 como a origem vermelha da rosa,
 sem que sejas, enfim,
 sem que viesses brusca, incitante
 conhecer a minha vida,
 rajada de roseira,
 trigo do vento,

 E desde então, sou porque tu és
 E desde então és
 sou e somos...
 E por amor
 Serei... Serás...Seremos...

 Pablo Neruda, in “Cem Sonetos de Amor” Ed. Campo das Letras

Sem comentários:

Enviar um comentário