segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Rayuela, o jogo do mundo


Poetcast. Rayuela (fragmento), por Julio Cortázar
Presentamos, en voz de Julio Cortázar (1914-1984), el capítulo 7 de “Rayuela”, libro publicado en 1963. Para Octavio Paz, “Rayuela es una invitación a jugar el juego arriesgado de escribir una novela” donde “escribir y jugar y vivir se vuelven realidades intercambiables”. Con el sudónimo Julio Denis escribió el poemario “Presencia”. También publicó “Salvo el crepúsculo” en 1984.

Poetcast Pista 81. Julio Cortázar: Rayuela Capítulo VII (fragmento). 
Descripción:



"Toco tu boca, con un dedo toco el borde de tu boca, voy dibujándola como si saliera de mi mano, como si por primera vez tu boca se entreabriera, y me basta cerrar los ojos para deshacerlo todo y recomenzar, hago nacer cada vez la boca que deseo, la boca que mi mano elige y te dibuja en la cara, una boca elegida entre todas, con soberana libertad elegida por mí para dibujarla con mi mano por tu cara, y que por un azar que no busco comprender coincide exactamente con tu boca que sonríe por debajo de la que mi mano te dibuja.
Me miras, de cerca me miras, cada vez más de cerca y entonces jugamos al cíclope, nos miramos cada vez más de cerca y los ojos se agrandan, se acercan entre sí, se superponen y los cíclopes se miran, respirando confundidos, las bocas se encuentran y luchan tibiamente, mordiéndose con los labios, apoyando apenas la lengua en los dientes, jugando en sus recintos donde un aire pesado va y viene con un perfume viejo y un silencio. Entonces mis manos buscan hundirse en tu pelo, acariciar lentamente la profundidad de tu pelo mientras nos besamos como si tuviéramos la boca llena de flores o de peces, de movimientos vivos, de fragancia oscura. Y si nos mordemos el dolor es dulce, y si nos ahogamos en un breve y terrible absorber simultáneo del aliento, esa instantánea muerte es bella. Y hay una sola saliva y un solo sabor a fruta madura, y yo te siento temblar contra mí como una luna en el agua."Julio Cortázar, in "Rayuela"
Fonte:Círculo de Poesía - Revista electrónica de literatura

Julio Cortázar
BIOGRAFIA
"Julio Cortázar, escritor e intelectual argentino, é considerado um dos autores mais inovadores e originais do seu tempo. Mestre no conto e na narrativa curta, a sua obra é apenas comparável a nomes como os de Edgar Allan Poe, Tchékhov ou Jorge Luis Borges. Romances como "Rayuela" inauguraram uma nova forma de fazer literatura na América Latina, rompendo com o modelo clássico mediante uma narrativa que escapa à linearidade temporal e onde as personagens adquirem uma autonomia e uma profundidade psicológica raramente vistas. 
Filho de pai diplomata, Julio Cortázar nasceu em Bruxelas, em 1914. Com quatro anos de idade foi para a Argentina, onde, devido à separação dos seus pais, foi educado pela mãe, uma tia e uma avó. Incentivado pela mãe, que lhe seleccionava o que devia ler, desde muito cedo que se interessa por literatura, ao ponto de na sua juventude um médico o aconselhar durante pelo menos seis meses a ler menos e a sair de casa para apanhar sol. Com o título de professor normal em Letras, inicia os seus estudos na Faculdade de Filosofia e Letras, que teve de abandonar logo de seguida, por problemas financeiros. 
Por não concordar com a ditadura vigente no seu país, muda-se para Paris, em 1951. Quatro anos antes, por intermédio de Jorge Luis Borges, já tinha publicado o conto "Casa Tomada", o primeiro do livro "Bestiario", na importante revista Anales de Buenos Aires. Em Paris casa-se com Aurora Bernadéz e os dois vivem em condições económicas penosas. Será esta experiência que inspirará parcialmente "Rayuela" («O jogo do mundo»), que concluirá anos mais tarde. É ainda durante os anos de Paris que aceita o trabalho de traduzir toda a obra em prosa de Edgar Allan Poe, ainda hoje considerada como a melhor tradução em espanhol desse autor. 
Morre em Paris, de leucemia, em 1984.
Da sua vasta obra, que inclui volumes de contos, romances e poesia, para além de "Rayuela" («O jogo do mundo»), publicado em 1963, destacamos: "Bestiario" (1951), "Final del juego" (1956), "Las armas secretas" (1959), "Historias de cronopios y de famas" (1962), "Todos los fuegos el fuego" (1966), "La vuelta al dia en ochenta mundos" (1964), "Ultimo round" (1969), "Octaedro" (1974), "Queremos tanto a Glenda" (1980) e "Deshoras" (1982)." Fonte: Editora Cavalo de Ferro

1 comentário:

  1. Um poema extenuante, extremamente subtil e sensual, e vivido a cada sílaba, a cada suspiro...
    De certo modo, uma forma inexpugnável de viver o escrito, de escrever o que entrou por dentro da intuição, da memória, do corpo, e é traduzível pelos sentidos, agora na correnteza das palavras, sempre falhas, sempre mais pobres, sempre inevitavelmente incompetentes, sempre pairando aquém do tocar, do atingir do sentimento.

    ResponderEliminar