segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Recortes noticiosos

Em Itália
Ontem, numa Conferência de Imprensa ao anunciar a reforma do sistema de pensões, que vai introduzir um aumento dos anos de trabalho, a Ministra do Trabalho e dos Assuntos Sociais de Itália não conseguiu conter as lágrimas. Quando estava prestes a pronunciar a palavra “sacrifícios” a comoção foi tanta que não foi capaz de continuar. A apresentação teve de prosseguir com a intervenção do Primeiro Ministro , Mario Monti.
Elsa Fornero tem-se dedicado profundamente , ao longo da sua vida, ao estudo do estado social e do sistema de pensões. É uma especialista valiosa nesta matéria e, por tal, foi–lhe dada a pasta correspondente a essa especialidade. Contudo, a tecnicidade exigida pela reforma não lhe retirou a dor que lhe provocam essas medidas.




" A luta do homem contra o poder é a luta da memória contra o esquecimento", Milan Kundera , in " O Livro do Riso e do Esquecimento"
Em Portugal
A Universidade do Porto homenageou os Professores e Investigadores vítimas das purgas académicas do Estado Novo.
"No passado dia 30 de Novembro, Quarta- Feira ao fim da tarde, na Reitoria da Univerisdade do Porto (UP) juntaram-se João Monjadirno (Fundação Professor Francisco Pulido Valente), Manuel Loff, historiador e director da Faculdade de Letras da UP, e José Marques dos Santos, o seu reitor. Depois da sessão, foi inaugurada à entrada do recinto da reitoria uma placa comemorativa com o nome dos 42 homenageados.
"É difícil para os que sempre viveram em democracia entender o ambiente daquela época", afirmou João Monjadirno, professor jubilado do Imperial College (Londres), que abriu a sessão.
As expulsões, que decorreram nos anos 30 e 40, durante a consolidação do Estado Novo, foram feitas segundo um decreto-lei que informava que "o conselho de ministros podia mandar aposentar, reformar ou demitir os funcionários ou empregados" que revelassem "espírito de oposição aos princípios fundamentais da Constituição Política" ou não dessem garantias de "cooperar na realização dos fins superiores do Estado".
Nestas demissões não foi movido nenhum processo disciplinar, ou outro. Os professores foram "sumariamente despedidos sem direito a defesa". No Porto, a faculdade que mais sofreu foi a de Ciências, com oito expulsões.
Este "período negro" da Universidade portuguesa fez com que alguns dos mais brilhantes cérebros tivessem de desenvolver a sua actividade no estrangeiro, impedidos estavam de "contribuir para o desenvolvimento do seu próprio país", disse Manuel Loff.
Na resenha histórica que apresentou daquele período, realçou a incompatibilidade dos regimes totalitários com a independência de espírito que é característica do meio universitários e abordou os momentos fulcrais dessa relação difícil.
Destacou ainda professores e investigadores como Abel Salazar, Ruy Luís Gomes, Bento de Jesus Caraça, Manuel Rodrigues Lapa ou Andrée Jeanne Crabbé Rocha, única mulher entre os homenageados.
A fechar a sessão, José Marques dos Santos lembrou os familiares destas figuras perseguidas. "No primeiro centenário da Universidade do Porto, que se comemora este ano, é finalmente prestado tributo às pessoas que contribuíram para engrandecer a instituição e para fazer de Portugal um país democrático".
Esta homenagem, que incluiu também a publicação da brochura «A depuração política do corpo docente das universidades portuguesas durante o Estado Novo», por Fernando Rosas e Cristina Sizifredo, foi organizada pela Fundação Pulido Valente, Instituto de História Comtemporânea da FCSH/UNL, Fundação Mário Soares e o Movimento Cívico Não Apaguem a Memória. Participou também a Fundação para a Ciência e Tecnologia." Por Luísa Marinho (texto e fotos), in " Ciência Hoje" 2011-12-01

1 comentário:

  1. Os professores que foram expulsos do Ensino, das suas cátedras universitárias, dos Liceus, das Escolas Comerciais e Industriais, durante o Estado Novo salazarista foram matematicamente muitos mais! Porém, para a memória desses ominiosos tempos os mencionados representam muitos, os muitos mais que cairam no anonimato, e hoje, ninguém já se reccorda quem foram, nem os seus próprios alunos... É um acto da mais pura justiça lembrá-los! Bem hajam!...

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