segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Prémios Nobel 2011

Algumas das figuras da denominada "primavera árabe", movimento de contestação popular que desencadeou mudanças históricas em vários países árabes e muçulmanos, poderão ser os grandes protagonistas da edição de 2011 dos prémios Nobel.
A poucos dias da divulgação dos galardões, os nomes de um poeta sírio e de activistas e 'bloggers' tunisinos e egípcios surgem na primeira linha para os Nobel da Literatura e da Paz.
A temporada dos prémios Nobel 2011 começa hoje, com a divulgação do galardão para a área da Medicina, seguindo-se as áreas da Física (dia 04), Química (dia 05), Paz (dia 07) e Economia (dia 10), de acordo com a página oficial da organização.
Cumprindo com a tradição, a academia sueca ainda não estabeleceu uma data concreta para o anúncio do Nobel da Literatura.
Os diferentes comités de atribuição mantêm o secretismo habitual sobre os nomes dos possíveis candidatos à galeria de notáveis. O Comité Nobel norueguês, que atribui o Nobel da Paz em Oslo, confirmou que recebeu este ano um número recorde de candidaturas, 241, ultrapassando a marca atingida em 2010, ano em que foram apresentadas 237 candidaturas.
Este ano, o comité informou ainda que 53 das candidaturas ao Nobel da Paz são relativas a organizações.
Para suceder ao dissidente chinês Liu Xiaobo (Nobel da Paz 2010), o especialista na história dos galardões, Asle Sveen, acredita que os cinco membros do comité norueguês poderão reconhecer os esforços de alguns actores da "primavera árabe", movimento de contestação popular que ditou a queda dos regimes autoritários da Tunísia, Egipto e Líbia.
O prémio poderá acabar nas mãos da activista e 'blogger' tunisina Lina ben Mhenni, que relatou na primeira pessoa na Internet os principais passos da revolução tunisina.
"É uma muçulmana moderada, uma mulher, cujo reconhecimento irá constituir um apoio às redes sociais [na divulgação das revoltas populares] e à primavera árabe", explicou Sveen.
A última mulher a ser distinguida com o Nobel da Paz foi, em 2004, a ambientalista queniana Wangari Maathai, que morreu no passado domingo.
Sob a mesma perspectiva, o director do Instituto de Investigação para a Paz de Oslo, Kristian Berg Harpviken, propõe o nome de outra activista, a egípcia Israa Abdel Fattah, e do Movimento do 06 de abril.
A militante egípcia foi uma das fundadores do movimento e "desempenhou um papel chave no desenvolvimento e no carácter não violento da revolta no Egito", referiu o responsável, que evocou ainda o nome de Wael Ghonim, um jovem egípcio executivo do Google que incitou via Internet os protestos contra o regime de Hosni Mubarak na emblemática praça Tahrir (Cairo).
Ghonim, que esteve detido durante 10 dias, já foi considerado pela revista Time como uma das personalidades mais influentes de 2011.
A militante de direitos humanos afegã Sima Samar, a organização não governamental russa Memorial, a pacifista da Libéria Leymah Gbowee, o primeiro-ministro do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, o ex-chanceler alemão Helmut Kohl e a União Europeia são outros dos nomes que circulam nos bastidores do Nobel da Paz.
Entre as figuras internacionais distinguidas em anos recentes com este galardão constam Barack Obama (2009), Kofi Annan (2001), Ximenes Belo e José Ramos-Horta (1996), Nelson Mandela e Frederik Klerk (1993) e Aung San Suu Kyi (1991).
No que diz respeito ao Nobel da Literatura, os circuitos literários em Estocolmo acreditam que a situação no mundo árabe também poderá influenciar a escolha da Academia sueca.
"A hora chegou para um poeta e para o Médio Oriente. Quem melhor que [o poeta sírio] Adonis?", afirmou Nicklas Bjorkholm, responsável por uma das principais livrarias do centro de Estocolmo.
Em Junho passado, Adonis, cujo nome verdadeiro é Ali Ahmad Said Esber, foi distinguido com o mais prestigiado dos galardões alemães, o prémio Goethe.
Residente em França, o poeta, de 81 anos, publicou recentemente num jornal libanês uma carta aberta ao Presidente sírio Bachar al-Assad pedindo o fim imediato da repressão e da violência naquele país.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel, foram atribuídos pela primeira vez em 1901, celebrando este ano 110 anos de existência.in Diário de Notícias | 30 de setembro de 2011

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