Buenos Aires, espectáculo de Tango |
Centro Cultural Borges, Buenos Aires |
Centro Cultural Borges, Buenos Aires
Sabemos, ouvindo um tango velho, que houve homens valentes. O tango dá-nos a todos um passado imaginário. Estudar o tango não é inútil, é estudar as diversas vicissitudes da alma.
Jorge Luís Borges
O tango não é triste, nem popular ou suburbano, ou pelo menos, não nasceu assim. É desse modo que Jorge Luís Borges (1899-1986) o apresenta no livro "O tango ", numa viagem pela história dessa música tão identitária da Argentina no mundo. O tango surge da milonga e, no início, é valente e feliz. Depois vai desanimando e ficando triste - afirma Jorge Luís Borges.
O livro resulta de uma gravação de quatro conferências dadas , em 1965, pelo escritor argentino sobre a história do tango . "As conferências são quase um tratado que junta erudição, sabedoria popular e humor para falar não só da música, mas também da sua cidade, Buenos Aires, na Argentina, e da vida dos "guapos" (briguentos) que protagonizam as letras dos tangos.
"O tango não é triste, melancólico, nostálgico, choroso. O tango é alegre", insistia Jorge Luís Borges e criticava Carlos Gardel, apontado como uma figura decisiva na história desta música, por ter alterado o seu espírito original.
"Gardel tomou a letra do tango e transformou-a numa breve cena dramática, em que um homem abandonado por uma mulher se queixa, e em que se fala da decadência física de uma mulher", insurge-se o escritor.
Jorge Luís Borges "gostava dos tangos da 'velha guarda', que ouvia na sua infância, porque não eram patéticos. Tinham letras alegres. E pensava que Gardel "tinha arruinado esta música", explica María Kodama, mulher do ilustre Jorge Luís Borges."
No passado dia 11 de Março de 2021, celebraram-se 100 anos do nascimento de Astor Piazzolla, (Mar del Plata, 11 de Março de 1921 – Buenos Aires, 4 de Julho de 1992), bandoneonista e compositor argentino, conhecido mundialmente por ter revolucionado o tango. Aos oito anos, teve o primeiro bandoneón , instrumento musical de palhetas livres semelhante a uma sanfona. Na adolescência, Piazzolla conheceu Carlos Gardel, o cantor de tango mais famoso, atrás referido pelo escritor Jorge Luís Borges. Em 1935, Gardel convidou Piazzolla para o acompanhar e tocar na sua tournée, mas a família não permitiu porque era menor de idade. A recusa salvou a vida de Piazzolla já que Gardel e os membros da sua banda morreram num acidente aéreo, durante essa tournée.
Em 1937, Piazzolla mudou-se para Buenos Aires, onde começou a construir o seu próprio caminho na música. A inovação de Piazzolla deve-se à introdução no tango , de elementos do jazz e da música erudita, outra das suas grandes paixões. Na década de 1950 , também se tornou pianista , tendo obtido uma bolsa para estudar música clássica em França.
Aí, com o apoio da compositora francesa Nadia Boulang, descobriu que podia escrever as suas próprias canções . Compondo e actuando com as suas composições, Piazzolla criou e deu a conhecer a “música contemporânea de Buenos Aires”. Realizou trabalhos em diferentes países, incluindo o Brasil, e tornou-se uma das maiores referências do tango no mundo.
Em 1990, a eclosão de uma hemorragia cerebral, levou-o ao coma, dando fim à sua actividade. Morreu em 1992, em Buenos Aires, deixando um enorme legado: mais de três mil composições, das quais estão gravadas cerca de quinhentas.
Milonga Del Angel , de Astor Piazzolla, pelo Quinteto Tango Nuevo (1984) com Astor Piazzolla no Bandoneón; Pablo Ziegler ao Piano ;Fernando Suarez Paz no Violino; Oscar Lopez Ruiz na guitarra eléctrica e Hector Consol no violoncelo.
Tango Apasionado, de Astor Piazzolla , interpretado pelos bailarinos Mauro Caiazza & Daniela Kizyma, num exemplo evidente de como a sedução dos corpos é forte no Tango.
Tango Oblivion, de Astor Piazzolla, interpretado pelos bailarinos Claudia Miazzo e Jean Paul Padovani.
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