Teotihuacán - México |
"Teotihuacán, México, 13 de Março de 1984 - Os deuses morrem como nós, ou não fossem eles nossas criaturas. Morreram os da Grécia, morreram os daqui, e hão-de morrer os mais com que de futuro povoarmos os céus vazios. A lição céptica que é meditar num santuário destes através dos tempos! Primeiro, a destruição dos templos sagrados, seguida do esquecimento; depois a descoberta ocasional das ruínas e a reconstrução precária; finalmente a total profanação do local , com tendas, vendeiros , turismo e espectáculos de luz e som. Subir agora a escadaria de cada tabernáculo é um pretexto alpinista, uma aventura muscular e cardíaca, sem qualquer outra significação. Ninguém teme os poderes sobrenaturais da serpente emplumada. Fotografam-se-lhe as fauces abertas e terríficas para lhes pantearmos apenas a inócua vacuidade.
Cidade do México, 14 de Março de 1984 - O México essencial espelhado no seu museu antropológico. E espelhado fiel e assombrosamente. A humanidade nunca será suficientemente grata aos antigos povos da Meso-América pela profundidade e originalidade com que viram as coisas do céu e da terra."
Miguel Torga, in "Diário XIV - Obra completa", Círculo de Leitores, Setembro de 2001,pp.1390,1391
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