A Palavra
Esperar o limite dos lábios, o limbo da palavra.
Ela chega do ritmo, desborda e cria o espaço, a música e o tempo.
Ela chega e contempla.
Visita-me uma sílaba, apanho-a à flor dos dedos. Como pétala, cai.
Ilumina-me o abismo. Tombo aos pés do silêncio. Só a palavra salva.
Às vezes é tumulto. E sombra. Cerro os olhos e acordo. A palavra é manhã.
A água da palavra. A sede, a água, a sede.
José Augusto Seabra, in “ Os Sinais e a Origem” Portugália Editores, 1967
... Lembrar José Augusto Seabra, é recordar postumamente uma das maiores figuras da Cultura de Língua Portuguesa contemporânea!
ResponderEliminar..."Ilunina-me o abismo" (...) "Só a palavra salva"...
"Deixou de ser visto...", quando menos esperávamos!...