As palavras que me ponho a escrever
fazem o que podem, mas podem pouco.
Elas têm, talvez, algum poder,
mas muito aquém de um desígnio louco.
Pretendem atingir o inefável,
o grandioso e o transcendente,
aquilo tudo que não é possível,
o delicado e o transparente.
As palavras visam o infinito,
o inacessível e o impossível,
mas o seu poder é tão só finito,
não estando ao seu alcance o indizível.
As palavras fazem só o que podem
e aos altos desígnios mal acodem.
02.07.2022
Eugénio Lisboa, in Soneto, modo de usar, Editora Guerra & Paz, Abril de 2024
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