A ideia do dever não só regula a ética kantiana,
também se estende ao mundo da economia. “A economia de hoje está baseada na
ideia da fé e do dever, do crédito e do débito. São dois conceitos que provêm
do mundo da fé. ‘Fé’, em grego, diz-se ‘pistis’.
Há uma história muito
bonita. Um historiador de religião, professor em Jerusalém, estava a trabalhar sobre o conceito de fé (’pistis’). Pretendia entender o
que é. Um dia estava em Atenas, levantou os olhos e viu escritas as palavras: ‘Banco
de pisteos’. Banco da Fé, leu, mas na realidade o que estava escrito era
Banco de Crédito.
Foi uma iluminação: fé significa crédito. É o crédito que se
outorga à palavra de Deus. E, para nós, é o débito para com Deus. É muito
esclarecedor: a economia e a ética estão baseadas nos mesmos conceitos: débito
e crédito. Porque, o que é o dinheiro senão um crédito? Sobretudo depois
que Richard Nixon separou o dólar do padrão ouro. O que resta
nas notas é um puro crédito sem conteúdo. Temos crédito em um débito que não
está garantido por nada.”
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