Morrer é só não ser visto,
é sair de ao pé de ti,
apagar-me em tudo isto,
deixar de ver o que vi.
Morrer é não estar em ti,
e mais do que não te ver,
é não ser visto por ti,
no deserto do não ser.
Morrer é como apagar-se
a chama que houve em nós,
é uma espécie de ficar-se
vazio da própria voz.
Vive o amor da atenção
que se tem por quem se ama.
Mas a morte atiça em vão
o fio que não dá chama.
Morrer é só não ser visto,
é passar a pertencer
a um livro de registo
que guarda o nosso não-ser.
Eugénio Lisboa
Poema cantado por Amélia Muge no álbum “Não sou daqui" acompanhada por José Peixoto (guitarra acústica), Yuri Daniel (contrabaixo e baixo eléctrico), Catarina Anacleto (violoncelo), Filipe Raposo (piano e acordeão), José Manuel David (sopros) e Carlos Mil-Homens (cajón).
A música é de Amélia Muge, o arranjo de António José Martins, a produção de Amélia Muge/António José Martins
Entre o deserto e o deserto
numa viagem sem destino
procuras a água e o vinho
nenhuma pista nenhum signo
vivo de pouco ou de nada
sem nunca ter um lugar
sempre a insónia mais branca
e a sede de um novo ar
escurece já o olvido
e é noite quando amanhece
nenhum barco traz aquela
por quem a escrita se tece
talvez esteja perdido
como um náufrago na areia
talvez me reste a canção
e o vento que desenleia
Entre o deserto e o deserto
Entre o deserto e o deserto
António Ramos Rosa
* [Créditos gerais do disco:]
Amélia Muge – voz, voz de sala, coros e viola braguesa
António José Martins – darbuka, triângulo, bombo, bendir, estalo, djembé, bilha, maraca, chiquitsi, voz de sala, amostrador e sintetizador
Carlos Mil-Homens – cajón
Catarina Anacleto – violoncelo
Filipe Raposo – piano acústico, piano Rhodes e acordeão
José Manuel David – flautas transversal e de bisel, tarota, trompa, garrafas e voz de sala
José Peixoto – guitarra acústica sem trastos
Yuri Daniel – contrabaixo e baixo eléctrico
Arranjos – António José Martins, José Manuel David e Filipe Raposo (partes de piano, acordeão e trompa)
Direcção musical – António José Martins
Produção – Amélia Muge e António José Martins
Gravado por Samuel Henriques no Estúdio MDL, Paço d'Arcos (voz, piano, baixo, contrabaixo e cajón) e por António José Martins no estúdio da ETIC (Escola de Tecnologias Inovação e Criação), Lisboa, e no AJM Estúdio, Sobreda
Misturado e masterizado por António Pinheiro da Silva e António José Martins, no Estúdio Pé-de-Meia
procuras a água e o vinho
nenhuma pista nenhum signo
vivo de pouco ou de nada
sem nunca ter um lugar
sempre a insónia mais branca
e a sede de um novo ar
escurece já o olvido
e é noite quando amanhece
nenhum barco traz aquela
por quem a escrita se tece
talvez esteja perdido
como um náufrago na areia
talvez me reste a canção
e o vento que desenleia
Entre o deserto e o deserto
Entre o deserto e o deserto
António Ramos Rosa
* [Créditos gerais do disco:]
Amélia Muge – voz, voz de sala, coros e viola braguesa
António José Martins – darbuka, triângulo, bombo, bendir, estalo, djembé, bilha, maraca, chiquitsi, voz de sala, amostrador e sintetizador
Carlos Mil-Homens – cajón
Catarina Anacleto – violoncelo
Filipe Raposo – piano acústico, piano Rhodes e acordeão
José Manuel David – flautas transversal e de bisel, tarota, trompa, garrafas e voz de sala
José Peixoto – guitarra acústica sem trastos
Yuri Daniel – contrabaixo e baixo eléctrico
Arranjos – António José Martins, José Manuel David e Filipe Raposo (partes de piano, acordeão e trompa)
Direcção musical – António José Martins
Produção – Amélia Muge e António José Martins
Gravado por Samuel Henriques no Estúdio MDL, Paço d'Arcos (voz, piano, baixo, contrabaixo e cajón) e por António José Martins no estúdio da ETIC (Escola de Tecnologias Inovação e Criação), Lisboa, e no AJM Estúdio, Sobreda
Misturado e masterizado por António Pinheiro da Silva e António José Martins, no Estúdio Pé-de-Meia
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