domingo, 6 de março de 2022

Soneto do fértil desespero

SONETO DO FÉRTIL DESESPERO
 
Dá-me, Musa, do verbo, a indignação,
o verbo bem duro e assassino,
que alimente fúria e acção
e oponha justiça ao desatino.
 
Dá-me, ó Musa, o verbo eloquente,
a força destemida da resposta,
que saiba opor à fúria do demente
a razão, à loucura, sobreposta.
 
Um povo tão pequeno e destemido,
mal armado e mal alimentado,
defendendo um país destruído,
 
dá tudo o que tem e o que não tem,
com desespero augusto e consumado,
e à morte que vier diz Amém!
                          06.03.2022
Eugénio Lisboa

Dedico este soneto à homérica coragem do povo ucraniano, nesta hora histórica, em que se espera que a infâmia morra às mãos da fisga de David.

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