"O Booker Prize 2021 foi atribuído , esta quarta-feira, ao romancista sul-africano Damon Galgut com a obra "The Promise", um romance que conta a história de uma família desde o fim do 'apartheid' até à presidência de Jacob Zuma.
Esta foi a terceira nomeação do dramaturgo e romancista Damon Galgut para o prémio, depois de 2003 e 2010. Neste ano tornou-se o favorito e arrebatou o prémio com o seu nono romance, "The Promise" ("A Promessa"), com uma história do seu país, que decorre no final do 'apartheid', em que explora as relações entre os membros de uma família branca em decadência, através da sequência de quatro funerais.
Nascido em Pretória, em 1963, Galgut escreveu o primeiro romance aos 17 anos, "A Sinless Season". Entre as suas obras contam-se títulos como "Small Circle of Beings" e "The Beautiful Screaming of Pigs".
Como vencedor do Booker Prize, Damon Galgut recebe 50.000 libras (perto de 59 mil euros).
"Estou profundamente e humildemente grato pelo prémio", disse o autor de 57 anos ao aceitar o prestigioso prémio britânico numa cerimónia em Londres.
"Demorou muito tempo a chegar aqui e agora que cheguei, sinto que não devia estar aqui", acrescentou Galgut.
Homenagem a África
Após receber o prémio, Galgut prestou homenagem ao seu continente natal. "Este tem sido um grande ano para a escrita africana e gostaria de aceitar o prémio em nome de todas as histórias contadas e não contadas, os escritores ouvidos e não ouvidos, do notável continente de que faço parte", disse.
E ainda apelou: "Por favor, continuem a ouvir-nos. Há muito mais por vir". Em entrevista, Galgut salientou que o vencedor deste ano do Prémio Nobel da Literatura também foi para um escritor africano, o romancista nascido em Zanzibar, Abdulrazak Gurnah.
A vitória de Galgut chegou poucas horas depois da notícia de que outro escritor africano, o senegalês Mohamed Mbougar Sarr, de 31 anos, tinha sido galardoado com o Goncourt, o prémio literário mais importante da França.
Um livro sobre legados
"'A Promessa' espantou-nos desde o início como uma história incrivelmente bem construída. Em cada leitura sentimos que o livro crescia", frisou a historiadora Maya Jasanoff, presidente do júri. "Este é um livro sobre legados, aqueles que herdamos e aqueles que deixamos e, ao atribuir-lhe o Prémio Booker deste ano, esperamos que ressoe nos leitores, ao longo das próximas décadas.
Além de Maya Jasanoff, o júri da edição deste ano foi constituído pela editora Horatia Harrod, pela actriz Natascha McElhone, pelo professor e escritor Chigozie Obioma, também já seleccionado para o Booker em anteriores edições, e pelo antigo arcebispo da Cantuária Rowan Willians.
A norte-americana Patricia Lockwood, com a sua estreia em ficção, "No One is Talking About This", o autor Anuk Arudpragasam, do Sri Lanka, com "A Passage North", a britânica de origem somali Nadifa Mohamed, com o romance "The Fortune Men", o norte-americano Richard Powers, com "Bewilderment", e a sua compatriota Maggie Shipstead, com "Great Circle", eram os restantes finalistas do Booker Prize de ficção 2021."
Prémio
Goncourt 2021
"O escritor senegalês Mohamed Mbougar
Sarr, de 31 anos, é o vencedor do prémio
Goncourt de 2021, o mais importante prémio literário de França. É a primeira
vez em mais de cem anos de Goncourt que o premiado é um autor da África
subsaariana.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira e não se pode dizer que foi uma surpresa. Há dias as apostas da imprensa
especializada indicavam que o romance "La Plus Secrète Mémoire des
Hommes" (A mais secreta memória dos homens, em tradução livre) era o
favorito para vencer. Com uma escrita ambiciosa, em que diversos géneros literários
se alternam , o livro conta a busca de
um jovem escritor senegalês para resgatar a memória de um autor que ficou
conhecido como o "Rimbaud negro" após publicar um livro que causou
escândalo em Paris de 1938. Diégane vai
seguir o rasto do misterioso T.C. Elimane e, nesse percurso, enfrentar dois dos
grandes apocalipses do século XX: o
colonialismo africano e o Holocausto. A história vai do Senegal à França
passando pela Argentina, numa narrativa que explora a mais importante questão
da literatura: porque, como e para quem escrevemos?
"É um livro de iniciação sobre a
paixão pela literatura, a vontade de escrever, sobre a vontade de encontrar um
sentido através da criação", resumiu o autor Mbougar Sarr numa entrevista
em Agosto. Para o presidente da Academia Goncourt, Didier Decoin, o livro é um
"hino à literatura.
Três
décadas de vida e quatro livros
Este é o quarto romance do jovem autor que
publicou o primeiro título em 2014, quando tinha apenas 24 anos. Nascido em
Dakar e o mais velho dos filhos de um médico, Sarr dedicou os seus estudos em Paris
à literatura negra e abandonou o doutoramento para abraçar a escrita. A escolha mostrou-se
acertada. O seu primeiro romance, "Terre ceinte", sobre a vida num vilarejo, sob domínio de milícias jihadistas, ganhou três prémios literários. Com
"Silence du choeur", seu segundo romance, Sarr levou duas outras
condecorações pelo livro que aborda a vida dos imigrantes africanos na Sicília.
Em 2018, faz uma escolha ousada e lança "De purs hommes", um
romance sobre a experiência homossexual no continente africano. Apesar dos
prémios e da recepção favorável da imprensa, o senegalês até então era pouco
conhecido do público em França e no mundo. A conquista do Goncourt por seis dos dez votos
do júri deve mudar esta história. O prémio provoca sempre grandes vendas, , tendo alguns dos títulos já premiados ultrapassado a fronteira dos
milhões de exemplares vendidos. Ao
chegar ao mítico restaurante Drouant, em Paris, onde acontece a cerimónia do
Goncourt, o jovem poupou palavras à imprensa. "Eu sinto muita
alegria", disse."
Prémio da crítica para a Bélgica - Prémio Renaudot para Amélie Nothomb
"Pouco depois de ser anunciado o prémio Goncourt, foi conhecida a vencedora do prémio Renaudot. "Primeiro Sangue", de Amélie Nothomb, ganhou o reconhecimento da crítica.
A primeira terça-feira de Novembro é tradicionalmente rica para os meios literários franceses desde 1926, ano em que foi criado o prémio Renaudot. Tradicionalmente apresentado como complementar ao prémio Goncourt é atríbuído no mesmo dia e sempre a escritores diferentes.
Nothomb tem estado nos finalistas tanto para o Goncourt como para o Renaudot há vários anos. Ganha desta vez com uma obra muito pessoal. No livro fala da morte do seu pai nos primeiros dias do confinamento, em 2020. Em apenas dois meses, vendeu mais de 230.000 exemplares." Fonte : artigos dos media
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