quarta-feira, 22 de abril de 2020

Poesia em tempo de peste - Soneto inédito de Eugénio Lisboa

AMOR VIRTUAL –II
VARIAÇÕES SOBRE UM SONETO CAMONEANO 

Amor é fogo que arde só ao longe
É ferida que dói e que se sente.
É um contentamento só de monge
É promessa doce que logo mente!

É um querer igual a não querer
É um comer que come sem comer
É um contentar-se em não colher
É um cuidar que se ganha sem arder!

É querer não estar preso e solitário
É sonhar que é sonhando que se tem
É só saber aguentar o fadário

Na esperança de o vírus acabar
É amar com as regras ao contrário
É cuidar que se frui sem se roçar!
                                           22.04.2020

Eugénio Lisboa,
pedindo desculpa ao grande Vate, por se apropriar de um seu soneto justamente célebre, para fins medicinais, muito necessários neste momento de grande solidão.

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