“O amor que
temos por nós próprios e o amor que temos pelos outros confundem-se
psicologicamente; eis por que a velha questão de se saber se o amor não passa
de um sentimento egoísta em vez de ser um sentimento altruísta pôs o mais
ocioso dos problemas. A oposição do egoísmo e do altruísmo é completamente
suprimida no amor.” Thomas Mann acrescenta isto, como um suplemento
de afronta aos “recatados”, que têm medo de parecerem narcisos: “Goethe
vituperou, durante toda a sua vida, a afectação de recato com que se pretende
interditar a complacência com o próprio eu. Dava ele a entender que tal sentimento
só era bom para as pessoas a quem não assistia a mínima razão para se estimarem
a si próprias. Tomou mesmo a defesa descarada da pequena vaidade corrente,
declarando que a sua desaparição faria perecer a sociedade e que um snob tem ao
menos a vantagem de nunca chegar a ser demasiado grosseiro.”
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