O livro “Três Histórias Desenhadas” de José de Almada Negreiros, editado pela Assírio &Alvim, está já disponível nas livrarias e locais habituais.
É na década de vinte, em 1926, que Almada publica, no semanário ilustrado «Sempre Fixe», as histórias «Era Uma Vez», «O Sonho de Pechalim» e «A Menina Serpente», que aqui se apresentam com base nos desenhos originais, fora uma ou outra lacuna. Como nos diz Sara Afonso Ferreira, no prefácio a esta edição, «[…] o autor confecciona ao longo dos anos uma série de caderninhos, geralmente em harmónio, por ele manuscritos e ilustrados dedicados ao estudo do número e da geometria. No entanto, ao apresentar desta forma os desenhos destinados à publicação de uma história aos quadradinhos num jornal, sem acompanhar os desenhos originais do texto do seu conto (de que apenas temos a versão do “Sempre Fixe”), Almada sugere a importância das imagens como veículo da narrativa — a segunda história publicada no “Sempre Fixe”, “O Sonho de Pechalim”, apresenta-se, aliás, sem qualquer texto (as legendas deviam ser redigidas pelos pequenos leitores no âmbito de um concurso infantil) — que as histórias podem ser contadas apenas por desenhos, que as histórias podem ser: desenhadas.
José de Almada Negreiros (1893-1970) Sem título (retrato de La Argentinita), 1925, guache sobre papel, 34,4 × 23,5 cm, colecção particular em depósito no Museu Calouste Gulbenkian – Colecção Moderna |
José
de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno
"Esta exposição antológica mostra a
obra de um artista que catalisa a vanguarda nos anos 1910 e atravessa todo o
século XX.
Isto de ser moderno é como ser
elegante: não é uma maneira de vestir mas sim uma maneira de ser. Ser moderno
não é fazer a caligrafia moderna, é ser o legítimo descobridor da novidade.
José
de Almada Negreiros,
conferência O Desenho, Madrid 1927
Autor profuso e diversificado, Almada
(1893-1970) pôs em prática uma concepção heteróclita do artista moderno,
desdobrado por múltiplos ofícios. Toda a arte, nas suas várias formas, seria,
para Almada, uma parte do «espectáculo» que o artista teria por missão apresentar
perante o público, fazendo de cada obra, gesto ou atitude um meio de dar a ver
uma ideia total de modernidade.
A exposição apresenta um conjunto de
obras que reflecte a condição complexa, experimental, contraditória e híbrida
da modernidade. A pintura e o desenho mostram-se em estreita ligação com os
trabalhos que fez em colaboração com arquitectos, escritores, editores,
músicos, cenógrafos ou encenadores. Esta escolha dá também visibilidade à
presença marcante do cinema e à persistência da narrativa gráfica ao longo da
sua obra. Juntam-se ainda obras e estudos inéditos que darão a conhecer
diferentes facetas do processo de trabalho artístico de José de Almada
Negreiros."
Exposição no Museu da Fundação
Calouste Gulbenkian, até Segunda feira, 5 Junho 2017, das 10:00 às 18:00.
Encerra às terças, Domingo de
Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro
Curadoria: Mariana Pinto dos Santos
com Ana Vasconcelos
Gulbenkian – Colecção Moderna
José de Almada Negreiros (1893-1970)
2/6
José de Almada Negreiros (1893-1970)
Sem título, sem data, grafite e guache sobre cartão,
53,5 x 36 cm. Colecção
particular
|
3 / 6
José de Almada Negreiros (1893-1970)
Sem título, 1940, guache sobre papel, 46,7 x 58 cm. Colecção particular em depósito no Museu Calouste Gulbenkian – Colecção Moderna |
Colecção particular |
[Autorretrato], [1940], arame e gauche sobre madeira, 36 x 30 cm.
5/6
José de Almada Negreiros (1983-1970)
Sem título, 1928, tinta da China e guache sobre papel,
43,3 x 41,9 cm. Museu
Calouste Gulbenkian .
Colecção Moderna, inv. DP226
|
6/6 José de Almada Negreiros (1893-1970) «La Tragedia de Doña Ajada» (lanterna mágica para música de Salvador Bacarisse com poemas de Manuel Abril) - IV. «La luna rota», [1929], papel recortado, lápis branco e preto sobre papel, 47 x 47 cm (suporte) / 62 x 62 cm. Colecção Salvador Bacarisse e Jennifer Bacarisse |
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