Nas noites negras para roubos, chuvas, ventos,
E nas noites quentes em que o luar abafava estrelas,
À hora de os sonhos baixarem vagarosos do céu,
Alguém dobrava com uma ordem doce os meus joelhos,
Juntava as minhas
mãos inocentes e fracas,
E eu rezava como se
repetisse uma canção.
E o meu sono era
sempre sob a guarda de estrelas...
É a vida, agora, quem dobra os meus joelhos cansados
Que guardam a marca
das pedras mais rugosas.
É a angústia da vida
quem junta as minhas mãos,
As minhas mãos mais
fracas e incertas.
Soltam-se da minha
alma orações desesperadas,
Orações que as
tristezas e os dias compõem.
Se no céu há
estrelas, estão lá em cima e só brilham....
Alberto de Serpa
(1906 - 1992), in Presença, II s., n.º 2, 1940
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