Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.
Ricardo Reis, 23.11.1918 , (Obras de Fernando Pessoa)
O Algarve fecha o meu país. É a orla que o delimita a Sul, numa costa alcantilada de traçado irregular. Ora se esvaece em alguns pontos para logo, em soberba posição, se agigantar num promontório imponente. Falésias, ilhas, ilhotas, braços de areia na foz dos rios, assombrosas rias de fauna e flora primevas, recortes em baías magníficas, o Mar tem no Algarve uma das suas obras de mais fino e prodigioso desenho.
Se, no Verão, este Mar se solta em assédio permanente a quem o procura, no Outono embravece, em inesperada fúria, sem que o encanto o abandone. Os dias de fúria esvaziam-no em batalhas de espuma. As praias quedam-se perante tamanha força. As areias acomodam-se ao ritmo acelerado deste novo Mar e entregam-se às suas águas. É o findar de um calcorreio estival que lacerou a sua pele. Agora é o tempo de lavar o corpo e de retomar a cor através de uma revolta agitação que as embrulha mar adentro para as soltar e repor frescas e renovadas.
E é o espanto primeiro que nos prende a este Mar. Numa tarde de Outono, o apelo agitado que nos lançou , levou-nos da Marina de Portimão à Ria do Alvor. E de assombro em assombro, fomos registando as faces que nos quis mostrar.
Lindas imagens !
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