Andar de olhos abertos. Descobrir.
Absorver. Deixar entrar tudo o que se abarca numa diversidade desconcertante é
o desassossego dos dias em África.
Imparável, inebriante, imprevista, incómoda,
infinda, inigualável, inquieta… importuna quem avista para se intrometer sem permissão. Em África,
estar ou viver é sempre in e
dificilmente out.
Escolher para onde ir, quando tudo se
insinua, em desconhecida volúpia paisagística, é o maior desafio para quem chega
ou (re)torna a Angola.
Luanda desfaz-se em sedução. Presa numa Marginal majestosa lança apertado
convite a um passeio à beira-mar. Mas há tempo para a (re)ver e deixar que se imponha em
despudorada tentação.
O dia vai para uma ilha, a ilha do
Mussulo, que namora a capital, num
carinho discreto e menos carnal do que a outra ilha que a capturou: a ilha do
Cabo, a eterna praia de Luanda.
A ilha do Mussulo alonga-se verdejante
e afasta-se da cidade para que seja visitada e louvada . Numa extensão de cerca
de trinta quilómetros , a ilha do Mussulo é o paraíso mais próximo da capital.
Afirma-se que a formação desta
ilha resultou da aglomeração dos sedimentos do Rio Kwanza,
situado na costa Sul, a 70 Km de Luanda
. Composta por uma elegante restinga que abraça a baía do Mussulo, onde convivem três ilhas, tem como limite, do
outro lado, o Oceano Atlântico. Um
oceano a beijar enamorado um vasto areal que se nos entrega a sussurrar que
somos únicos e senhores daquele imenso reino pacífico e quase deserto.
Praias e praias em recantos que nos
espantam. Vegetação luxuriante que cresce e se estende pelas águas da baía, numa
bonomia inesperada. Coqueiros altivos, casuarinas delicadas, palmeiras vetustas, figueiras
frondosas e um sem fim de pequenos arbustos que se banham numa languidez
partilhada.
Chega-se e a captura avança em
sintonia com as descobertas. Nem sempre é possível registar tanta solicitação.
Perdemo-nos numa progressiva e avassaladora fruição de um espaço aberto guardado apenas para nos deliciar.
São as águas transparentes da costa oceânica; as
areias douradas que nos aquecem após
banhos descontrolados; o caminho para a
baía salpicado por uma vegetação peculiar que nos remete para as portuguesas rias do Alvor e da Formosa, no
Algarve.
E as gentes do Mussulo? Há comunidades de pescadores . Vivem da pesca
. As famílias estendem-se em dispersos aglomerados. Escolas , centros de saúde
e também turismo. Todo ele condensado na margem da baía. É aí que estão os
restaurantes, alguns resorts e vivendas de fim-de-semana ou para férias.
Mas o encanto maior
desta gente do Mussulo reside nas crianças. Brincam com qualquer coisa. De tudo
nasce um objecto de diversão. Os banhos ocupam-lhes o dia, quando a pausa
escolar se impõe.
E era o tempo de Carnaval. Escola fechada e ei-los correndo
pela ilha, qual bando de pardais à solta,
como canta o nosso Carlos do Carmo.
Olhares e sorrisos em rostos inesquecíveis .
São assim os meninos do Mussulo.
que lindo maria jose ---joao branco
ResponderEliminarCENARIOS DE FAZER INVEJA A QUEM ESTÁ A MUITOS EUROS DE DISTÂNCIA. CONTINUA A VIAGEM AMIGO MANEL, E SE PUDERES VAI PELO MENOS ATÉ À CALOMBOLOCA E À CABALA, NO QUANZA ONDE ESTÁ AGORA AO QUE ME CONTAM UMA EXCELENTE PONTE PARA A QUIÇAMA. EXCELENTE PASSAGEM DO QUANZA, AQUELA DA JANGADA A MOTOR !!!
ResponderEliminarObrigado por esta bela repostagem, Maria José, e pelas sugestivas palavras que ela contém. Quando é que vão ao Lobito?
ResponderEliminarMário César
REPORTAGEM... E NÃO REPOSTAGEM...:o))
ResponderEliminarMário César (e não Anónimo...) Aquelas opções são complicadas
Ola amigo manel, obrigado pelas fotos do Mussulo pois quando por ai andei tive oportunidade de visitar essa maravilhosa ilha, a qual me vem à lembrança quando regresso a Angola em pensamento. Boa estadia e manda fotos para nos trazeres ate nos lembranças desse país espetacular, um grande abraço.Montes
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