terça-feira, 16 de setembro de 2014

Já é dia


Noite de sonhos voada

Noite de sonhos voada
Cingida por músculos de aço,
profunda distância rouca
da palavra estrangulada
pela boca amordaçada
noutra boca,
ondas do ondear revolto
das ondas do corpo dela
tão dominado e tão solto
tão vencedor, tão vencido
e tão rebelde ao breve espaço
consentido
nesta angústia renovada
de encerrar
fechar
esmagar 
o reluzir de uma estrela
num abraço
 e ternura deslumbrada
a doce, funda alegria
noite de sonhos voada que pelos seus olhos sorria
ao romper de madrugada:
-Ó meu amor, já é dia!...
Manuel da Fonseca, in "Poemas dispersos, Obra Poética", Editorial Caminho

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