quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Esse tal amanhã

Marcial: Livro V, epigrama 58

“Amanhã”, dizes tu. “Viverei amanhã.”

Quando virá, porém, esse tal amanhã?

Ah! que sabemos nós do dia de amanhã?

Em que reino se esconde o rosto de amanhã?

Que idade tem ao certo o vulto de amanhã?

É coisa que se venda? É coisa que se compre?

Que certeza tens tu de estar vivo amanhã?



Tarde já é viver no próprio dia de hoje.

Mais sábio é começar a vivermos desde ontem."

David Mourão Ferreira, in ”Vozes da Poesia Europeia-I”,  Colóquio Letras, nº163, Jan-Abr 2003.

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