Dia de chuva na cidade
triste como não haver liberdade.
Dia infeliz
com varões de água
a fecharem o mundo numa prisão.
E alguém a meu lado com voz múrmura que diz:
"está a cair pão."
Ah! que vontade de
gritar àquela criança seminua
sem pão nem sol de roupa:
"Eh! pequena! Deita-te na rua
e abre a boca..."
(Dia em que urdo
este sonho absurdo.)
José Gomes Ferreira, in "POESIA – III”,
Portugália Editora, 2ª edição (1963)
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