O Comité do Nobel anunciou hoje que a
canadiana Alice Munro é a vencedora do galardão da Literatura. É a 13.ª mulher a
recebê-lo.
"Alice Munro, 82 anos, escreve sobretudo contos, um género que raramente foi
distinguido pelo comité Nobel. Esta é, aliás, segundo a France Press, a primeira
vez em 112 anos que o Comité Nobel distingue alguém que apenas escreve este
género de literatura.
Autora de "Amada Vida", que segundo anunciou recentemente será o seu último
livro, "O Amor de uma Boa Mulher", "Fugas", "A Vista de Castle Rock" ou "O
Progresso do Amor" (todos editados pela Relógio d'Água), Alice Munro é a
primeira canadiana a receber o Nobel da Literatura (Saul Bellow, que venceu em
1976, era norte-americano apesar de ter nascido no Canadá).
Munro é a 13.ª mulher a receber o Nobel da Literatura, depois da sueca Selma
Lagerlöf, que foi a primeira, em 1909, ou da alemã Herta Müller, em 2009, que
era até agora a última.
A escritora surgiu nos últimos anos na lista de prováveis vencedores do
prémio da academia sueca.
"Munro é apreciada pela sua arte subtil do conto, imbuída de um estilo claro
e de realismo psicológico", descreveu o Comité numa biografia da escritora. "As
suas histórias passam-se frequentemente em pequenas localidades, onde a luta por
uma existência socialmente aceitável muitas vezes resulta em relações tensas e
conflitos morais - problemas que resultam de diferenças geracionais e ambições
de vida que colidem", continua. Os seus textos descrevem frequentemente "eventos
do dia-a-dia, mas decisivos; verdadeiras epifanias que iluminam a história e
deixam questões existenciais aparecer num relâmpago", pode ler-se ainda no texto
da academia.
A escritora tornou-se célebre por escrever contos centrados na vida rural de
Ontário, o que a levou a ser comparada ao russo Anton Tchekhov.
A escritora canadiana vai receber um prémio no valor de oito milhões de
coroas suecas (925 mil euros).
Nos últimos 10 anos, o Nobel da Literatura distinguiu nomes como o chinês Mo
Yan (2012), o sueco Tomas Tranströmer (2011), o peruano Mario Vargas Llosa
(2010), a alemã de origem romena Herta Müller (2009), o francês Jean-Marie
Gustave Le Clézio (2008), a britânica Doris Lessing (2007), o turco Orhan Pamuk
(2006), o britânico Harold Pinter (2005), a austríaca Elfriede Jelinek (2004) e
o sul-africano J.M. Coetzee (2003).
A língua portuguesa foi laureada uma única vez, em 1998, com a atribuição do
prémio ao escritor José Saramago, justificada pela Academia sueca com o facto de
ele, "com parábolas sustentadas em imaginação, compaixão e ironia, permitir mais
uma vez apreender uma realidade evasiva".DN 10/10/2013
Clique aqui para ler um conto completo de Alice Munro
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