Dar ancas às consoantes e devolver os seios
às vogais
"O último dia
do III Encontro de Escritores em Natal foi um forrobodó literário. O povo
dançou e o povo escutou.
Foi num
grande forró que se terminou o III Encontro de Escritores de Língua Portuguesa
em Natal, numa festa que juntou leitores e escritores, brasileiros,
portugueses, angolanos, cabo-verdianos, moçambicanos e guineenses. A festa
fez-se em português e uniu numa mesma dança os vários países da lusofonia. Mas
antes da noite feita de dança, houve tempo para se falar de literatura.
Ao escritor
moçambicano Mia Couto, juntou-se o cabo-verdiano Germano de Almeida e a
brasileira Ana Cascudo, que, perante um Teatro Alberto Maranhão (no centro de
Natal) quase cheio falaram sobre Literatura Oral e Tradicional, tão presentes
nos seus países.
Mia Couto
lembrou a população moçambicana, tão rica nas suas histórias, feitas de tantas
línguas e dialectos, que não conhecem expressão escrita. E contou de uma vez
que uma senhora lhe pediu para falar de si, dançando. E de como na falta de
jeito para os movimentos e na impossibilidade da dança, lhe apresentou um homem
vazio. Não houve palavras que o salvassem. «Queria-me ler como se eu fosse um
texto. Mas eu era apenas uma página em branco».
«Mais do que
me inspirar na tradição oral, a minha intenção é introduzir os universos da
oralidade na lógica da escrita, devolver à palavra grafada o gesto, o corpo, o
sexo da fala», disse Mia Couto, perante uma plateia rendida às suas palavras.
«É isso que me anima enquanto escritor: ensinar a minha escrita a dançar, dar
ancas às consoantes, devolver seios às vogais e, enfim, reinventar
sensualidades que foram sendo roubadas pela cega obediência às normas da
gramática».
Mia não
conseguiu dançar. Mas, à noite, o povo todo que o escutou fê-lo por ele. E a
literatura transformou-se num imenso forrobodó." In Jornal Sol, 18/10/2012
Migração de pássaros,1924 - Johannes Larsen, Dinamarca | Crédito fotográfico: SMK Foto. Statens Museum for Kunst © Johannes Larsen, Copy-Dan, 2012Bodies, |
As Idades do Mar, Exposição na Fundação Calouste Gulbenkian
De 26 out 2012 a 27 Jan 2013 | 10:00 -
18:00 | Encerra Segunda-feira
O mar é o
tema central da exposição que o Museu Calouste Gulbenkian vai apresentar a
partir do dia 26 de outubro, na Galeria de Exposições Temporárias da Fundação.
Em exposição vão estar mais de uma centena de obras, dos séculos XVI ao XX,
provenientes de 46 instituições nacionais e estrangeiras, com o apoio
excecional do Museu d’Orsay.
Partindo de uma sondagem histórica da representação visual do mar, a mostra
procura identificar os temas fundadores que levaram à sua extensa e recorrente
representação na pintura ocidental. A exposição desenvolverá o conceito que dá
título ao projecto em seis secções distintas: As Idades dos Mitos, As Idades do
Poder, O Mar e o Trabalho, Tormentas e Naufrágios, Contemplação e Viagem e O
Mar como Símbolo.
Van Goyen, Lorrain, Turner, Constable, Friedrich, Courbet, Boudin, Manet,
Monet, Signac, Fattori, Sorolla, Klee, De Chirico, Hopper, são alguns dos 86
autores presentes na exposição com obras de superior qualidade. Também a
pintura portuguesa, através de Henrique Pousão, Amadeo de Souza-Cardoso, João
Vaz, Maria Helena Vieira da Silva e Menez, entre outros, contribuirá para esta
abordagem exaustiva e por vezes inesperada de um motivo tão fascinante – e
simultaneamente com especial significado na história e cultura portuguesas.
Hilary Mantel repete o Prémio Man Booker
"A escritora
britânica Hilary Mantel recebeu Man Booker Prize, com "Bring Up the Bodies", o
segundo tomo de uma ambiciosa trilogia sobre o chanceler de Henry VIII, Thomas
Cromwel. A atribuição do galardão, que se destina a premiar uma obra publicada
originalmente em língua inglesa por autores do Reino Unido e da Commonwealth,
fez história. O primeiro volume, Wolf Hall, tinha recebido precisamente o
Booker há três anos.
Mantel é a
primeira mulher e o primeiro autor britânico a receber o prémio duas vezes e é
também a primeira vez que uma sequela é premiada. O Man Booker prize tem um
valor pecuniário de cerca de 60 mil euros.
Peter
Stothard, editor do Times Literary Suplement, e presidente do maior prémio
literário em língua inglesa, disse que Mantel é «o maior escritor inglês de
prosa vivo». Stothard acrescentou que um dos objectivos do Booker é celebrar
obras que perduram no tempo. «Este prémio deve ser para livros que serão lidos
nas próximas década». Sothard comparou o fôlego literário e a profundidade
psicológica de "Bring Up the Bodies" com a obra de Francis Ford Coppola, O
Padrinho.
"Bring Up the
Bodies"situa a acção nos nove meses em 1535 que antecedem execução de Ana Bolena,
segunda mulher de Henrique VIII. E a autora está já a escrever o último volume
da trilogia sobre o chanceler que conduziu no reinado de Henrique VIII os
destinos de Inglaterra e cuja influência mudou para sempre os destinos de
Inglaterra e levou à cisão com a Igreja de Roma. O último volume deverá
chamar-se ""The Mirror and the Light.
A BBC comprou
os direitos das duas obras para uma mini-série de seis horas prevista para
2013.
Wolf Hall foi
editado em Portugal pela Civilização e os direitos de "Bring up the Bodies" já
foram adquiridos pela mesma editora que conta publicar o romance brevemente." Fonte: Sol
A Peça do Mês do Museu da Assembleia da República
Os eventos culturais, literários, artísticos, musicais, são do melhor que poderemos esperar, especialmente agora, que a cultura foi relegada para um secundaríssimo plano!
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