na noite de longas riscas,
como um cavalo atravessa correndo
o teu calado nome.
Dá-me lugar no teu ombro, ai, abriga-me,
aparece-me no teu espelho, de repente,
brotando do escuro, detrás de ti.
Flor da doce luz completa,
acode-me com tua boca de beijos,
violenta de separações,
determinada e fina boca.
Pois digo-te, no mais longe dos longes,
de um esquecimento a outro moram comigo
os carris, o grito da chuva:
o que a escura noite preserva.
Acolhe-me no tear da tarde,
quando o anoitecer vai urdindo
o seu vestiário e palpita no céu
uma estrela cheia de vento.
Traze-me a tua ausência até ao fundo,
pesadamente, com os olhos tapados,
atravessa-me a tua existência, admitindo
que este meu coração está destruído.
Pablo Neruda, "Pablito" para os íntimos, os da sua "rua", para os da sua geração, ficou inscrito como um Poeta para toda a Terra, um poeta universal, na só pela poesia, como pela luta política que travou. É que Neruda foi através da diplomacia e não só, também pela sua errância em virtude do exílio, um viajante incorrigível e audacioso. E ainda bem que assim foi, pois através da sua obra literária e jornalística, principalmente a que deixou em prosa, nos deu a conhecer muito mundo, muitos "mundos" por esse mundo fora. Pablo Neruda (pseudónimo), um poeta para toda a Terra, quando a Terra inteira nunca lhe chegou, nunca lhe encheu completamente a alma!...
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