Nesta fase em que só o amor me interessa
o amor de quem quer que seja
do que quer que seja
o amor de um pequeno objecto
o amor dos teus olhos
o amor da liberdade
o amor de quem quer que seja
do que quer que seja
o amor de um pequeno objecto
o amor dos teus olhos
o amor da liberdade
o estar à janela amando o trajecto voado
das pombas na tarde calma
das pombas na tarde calma
nesta fase em que o amor é a música de rádio
que atravessa os quintais
e a criança que corre para casa
com um pão debaixo de um braço
que atravessa os quintais
e a criança que corre para casa
com um pão debaixo de um braço
nesta fase em que o amor é não ler os jornais
podes vir podes vir em qualquer caravela
ou numa nuvem ou a pé pelas ruas
- aqui está uma janela acolá voam pombas -
ou numa nuvem ou a pé pelas ruas
- aqui está uma janela acolá voam pombas -
podes vir e sentar-te e falar com as pálpebras
pôr a mão sob o rosto e encher-te de luz
pôr a mão sob o rosto e encher-te de luz
porque o amor meu amor é este equilíbrio
esta serenidade de coração e árvores.
esta serenidade de coração e árvores.
Egito Gonçalves, in «366 Poemas que Falam de Amor", antologia organizada por Vasco da Graça Moura, Quetzal Editores
Um belo poema com a marca inconfundível de Egito Gonçalves,José Egito de Oliveira Gonçalves, jornalista, editor, tradutor e poeta extraordinário.
ResponderEliminarAqui neste lugar, sobre Egito Gonçalves escrevemos há pouco tempo uma comentário... Egito Gonçalves! Um poeta muito esquecido, mas uma voz alta, transcendente - se me permitem o termo... - uma voz muito alta no enquadramento da Literatura Portuguesa, em especial da Poesia Portuguesa do século que findou. É preciso lê-lo, lê-lo mais!... É que recordá-lo, é aprendermos mais e usarmos de novo um outro olhar, vivermos um estar diferente... - V. P.
ResponderEliminarBelo Poema!
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