quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Por uma América latina unida e livre

Memorial da América Latina, obra de Niemeyer
 "Na América Latina, a tendência democrática, progressista e de esquerda se afirma e se qualifica em seus sectores mais avançados. Tempos atrás constatamos que ocorreu na região uma mudança na correlação de forças políticas e sociais: a burguesia neoliberal e seus partidos sofreram derrotas político-eleitorais em vários países e perderam espaços nos aparelhos administrativos do Estado; emergiram alguns governos progressistas como resultado da busca de mudança por parte de nossos povos e dos combates contra governos entregues abertamente ao capital estrangeiro e aos interesses das classes dominantes locais.
Sem dúvida alguma esse novo cenário latino-americano significou um passo positivo para os povos, para as forças democráticas, progressistas e de esquerda, pois alimentou o desejo de mudança existente entre as massas e afirmou sua confiança na possibilidade de superar um sistema que só trouxe fome e desesperança para os trabalhadores e os povos. Como questão fundamental, o novo momento pôs na mesa de discussão a perspectiva do socialismo como alternativa ao decadente sistema capitalista.
Entretanto, com o passar os anos, pudemos constatar os limites políticos que afectam esses governos. Uns, mais rapidamente que outros, iniciaram giros à direita, traindo as expectativas do início de tempos novos para quem sempre tem vivido na opressão. Tratados de livre comércio com países ou blocos imperialistas, leis de corte antipopular, processos de criminalização do protesto social, entrega das riquezas naturais ao capital estrangeiro e medidas económicas neoliberais foram assinados por quase todos esses governos que ofereceram a mudança.
De regimes que respiravam a perspectiva de executar profundas mudanças económicas, políticas e sociais, e, por isso, abriam espaços para que as organizações de esquerda avançassem no processo de acumulação de forças revolucionárias, a maioria se transtornou em diques para o avanço da luta das massas, para a perspectiva da revolução e do socialismo.(...)
O desejo de mudança continua presente, manifesta-se nos protestos contra o desemprego, por educação, pela terra, pela água, contra os impostos, por democracia - para que seja escutada sua voz na hora de tomar decisões nas esferas de governo.Nesse aspecto é fundamental a política de unidade com os setores e forças interessadas na defesa das aspirações e direitos dos trabalhadores e dos povos e por defender os interesses soberanos do país.Mas a unidade deve ultrapassar as fronteiras nacionais, pois, sendo a revolução um processo que deve concretizar-se em cada um dos países, em sua essência é um movimento de caráter internacional" Comunicado do 15º Seminário Internacional "Problemas da Revolução na América Latina", Quito, 15 de Julho de 2011

 Num tempo em que se celebram os 500 anos do continente sul americano, recordar a  luta por uma América Latina livre e unida  que tem vindo a ser  feita, ao longo dos anos, através de movimentos guerrilheiros, de revoluções, de golpes de estado, mas essencialmente através do sofrimento e da abnegação do povo sul americano é um dever imperioso. Poetas, escritores, artistas , cantores  glorificaram e promoveram os ideais de um novo continente onde  a justiça social e a liberdade fossem uma realidade coesa e   indestrutível. Essa luta ainda se mantém e dela ecoam muitas vozes.
Mercedes Sosa, cantora maior da Argentina , foi uma dessas vozes. Uma das canções  que  interpretou é um hino à união da América Latina, "Canción Con Todos". Em sua memória e justa homenagem faz-se a reprodução dessa memorável e emblemática canção.

Canción Con Todos

Salgo a caminar
Por la cintura cósmica del sur
Piso en la región
Más vegetal del tiempo y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de América en mi piel
Y anda en mi sangre un río
Que libera en mi voz
Su caudal.
Sol de alto Perú
Rostro Bolivia, estaño y soledad
Un verde Brasil besa a mi Chile
Cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña América y total
Pura raíz de un grito
Destinado a crecer
Y a estallar.
Todas las voces, todas
Todas las manos, todas
Toda la sangre puede
Ser canción en el viento.
¡Canta conmigo, canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz
!

Aramando Tejado Gómez e César Isella

1 comentário:

  1. A História dos países que compõem a América Latina é vasta, e pudemos dividi-la em Pré-Colombiana e Pós-Colombiana. A Liberdade e a sua conquista, a Independência e a felicidade dos seus povos foram e são uma luta permanente. Interminável. E plena de surpresas, de sangue e mortalhas, de gritos e gemidos, de gestos heróicos e esfumadas traições. Quinhentos anos pós-colombianos que se comemoram!... "Todas as vozes, todas as mãos",todos os sacrifícios serão precisos para manter esse continente em Paz e Livre. Pois que uma América Latina Unida continuará a ser um sonho difícil de conquistar, de se tornar realidade. Os múltiplos e enigmáticos jogos de interesses, a imensa riqueza da terra, a ganância das forças económicas internacionais não têm permitido a união sonhada e desejada. Confiemos no futuro dos povos, na sua vontade indómita, na realização dos seus mais almejados sonhos. - V. P.

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