Buraco negro «mãe» do Universo teria a massa de 3.000 sóis
O útero cósmico no qual o nosso Universo terá sido gerado era um buraco negro da categoria peso-pesado, cuja massa seria equivalente a 3.000 vezes a do nosso Sol. A tese é do físico polaco Nikodem Poplawski, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.
Num artigo publicado no ArXiv (uma espécie de biblioteca electrónica aberta, na qual os físicos costumam divulgar versões preliminares das suas pesquisas para apreciação da comunidade científica), ele apresentou o cálculo da massa necessária para que um buraco negro produza um Universo com as características do nosso.
O investigador reacendeu a discussão sobre a possibilidade de o Cosmos ter «nascido» dentro de um buraco negro.
Ele publicou uma sequência de artigos sobre o tema no ArXiv e na revista Physics Letters B, uma das mais importantes sobre física nuclear e de partículas.
Essas publicações confrontam a teoria do Big Bang, que define que o Universo teria surgido a partir da expansão de uma grande concentração de massa e energia, comparada a uma explosão.
A questão é que, quando se considera que o Big Bang é o início de tudo, é preciso postular que a expansão do Universo teria começado a partir de um ponto incrivelmente pequeno, de densidade e energia infinitas.
Para os físicos, esses infinitos são suspeitos, porque é impossível investigar o que acontecia no momento inicial da expansão cósmica.
Uma das formas de resolver o problema é propor que o Big Bang não foi o começo de tudo o que existe, mas uma perturbação no interior de um buraco negro em outro universo, conforme defendido pelo cientista polaco.
Segundo Poplawski, todos os universos (já que haveria vários deles) estão dentro de buracos negros. E todos têm estrelas que, se altamente contraídas (quando o seu combustível acaba), dariam origem a novos buracos negros - e a novos universos.
Os números da conta saíram de uma modificação da teoria da relatividade geral de Einstein (que Poplawski tem usado nos seus estudos com frequência).
«Outros trabalhos mostram que algo acontecia antes do Big Bang», disse Poplawski. E, de facto, o investigador não está sozinho. «Poplawski não é o único a especular sobre o que poderia ter havido antes do Big Bang», afirma Roberto Belisário, físico formado pela Unicamp (Brasil).
«Entre os cosmólogos, o Big Bang já não é considerado o início da criação de tudo. Deve ter havido um antes, assim como está a haver um depois», completa.
A repercussão sobre a nova proposta do físico polaco ainda está a gatinhar.
«A teoria ainda é muito qualitativa. Só o tempo dirá qual ideia vencerá essa corrida», conclui Belisário. In “Diário Digital”, 11 Abril 2011
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