terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Estudo lança novas pistas sobre Alterações Climáticas

 

Jasper Kok analisou o tamanho das partículas e a forma como se propagam


A propagação de pó na atmosfera segue  padrão das partículas de um copo partido. Um Estudo publicado na PNAS ( Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) dá novas pistas para a análise das alterações climáticas.
As partículas de pó emitidas para a atmosfera têm um papel importante no controlo da energia solar e, consequentemente, no clima. As mais pequenas reflectem a radiação solar, reencaminhando-a para o espaço e arrefecendo o planeta. As maiores (do diâmetro de um cabelo humano) prendem a radiação ao solo, ou seja, reforçam o efeito de estufa.Num artigo publicado agora na «PNAS», o investigador norte-americano Jasper Kok diz que estas partículas, chamadas aerossóis, emitidas para a atmosfera seguem um padrão de propagação semelhante ao dos fragmentos de vidros partidos. Afirma também que deve haver mais partículas grandes do que pequenas.
Os aglomerados de partículas de pó no solo comportam-se de mesma forma que os vidros que se espalham quando um copo cai ao chão, diz o investigador do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, responsável pelo estudo.Conhecer este padrão pode ajudar a estabelecer um quadro mais claro de como a poeira atmosférica afecta o clima. Kok defende que há mais partículas de poeira na atmosfera do que se pensava.A investigação centrou-se nas partículas suspensas, os aerossóis minerais. O impacto destas ocorre através da interacção com as nuvens, com os ecossistemas e com a radiação em si, e representa uma incerteza quando se fala de alterações climáticas. “Uma das causas dessa incerteza reside no facto da distribuição de aerossóis ser mal compreendido”, diz o investigador. As partículas maiores (silte) são emitidas quando os grãos de areia são arrastados no solo, levantando a sujidade e emitindo fragmentos para o ar que podem ter o tamanho de 50 micrómetros de diâmetro, aproximadamente o tamanho de um cabelo humano. Estas caem para o solo após uns dias. Quanto maior for a partícula, maior é a tendência de haver um efeito de aquecimento da atmosfera.As mais pequenas (argila) permanecem na atmosfera durante mais tempo, uma semana, circulando pelo mundo, e exercem uma influência de arrefecimento ao reflectir o sol. A investigação indica que as partículas maiores existem em maior quantidade do que aquela que é apresentada nos modelos climáticos. Os cientistas que estudam o clima calibram os modelos para simular o número real de partículas de argila na atmosfera. Mas o estudo sugere que os modelos enganam-se quando se trata da quantidade de partículas de silte.Ajustar a sua quantidade nos modelos computacionais poderá gerar melhores projecções sobre o futuro do clima principalmente nas regiões desérticas.Os resultados do estudo sugerem também que os ecossistemas marinhos, que atraem o dióxido de carbono, podem receber muito mais ferro das partículas que andam no ar do que se pensava. O ferro aumenta a actividade biológica para benefício das cadeias alimentares marinhas. Além de influenciar a quantidade de calor solar na atmosfera, as partículas também são depositadas na acumulação de neve nas montanhas, onde absorvem o calor e aceleram o degelo. Publicado em "Ciência Hoje" em  30/12/2010

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