“O que mais nos caracteriza é aquele ar sonâmbulo, abstracto, aquela ideia fixa em parte alguma, aquele devaneio em pleno Vácuo, ou manso delírio extasiado na sua própria nulidade.
“Sonhamos um sonho estéril, incapaz de se converter em acção (…) O português olha, mas não vê, ou vê como se ouvisse, porque o absorve uma espécie de música silenciosa, uma tendência artística inutilizada por incapacidade realizante. Mas embala-se, como esquecido, nessa música.
“ (…) O português é um ser indefinido; ignora o limite das coisas; não pode ter um conceito claro da existência, mas uma concepção nebulosa sentimental. E, por isso, principia tudo e nada acaba”.
Teixeira Pascoaes, “Duplo Passeio”, Parte I, I, colecção “Obras Completas de Teixeira de Pascoaes”, organização de Jacinto do Prado Coelho, volume X, Livraria Bertrand, 1975
“Há só milagres. Façamos o milagre da nossa libertação espiritual. Eis a grande questão, não hamlética, mas quixotesca, ibérica. Não se trata de ser ou de não ser, mas de ser absolutamente. E ser é querer ser. Sejamos nós, que a nossa pessoa, quanto mais destacada, mais perfeita”.
Teixeira Pascoaes, “Duplo Passeio”, Parte I, IV, colecção “Obras Completas de Teixeira de Pascoaes”, organização de Jacinto do Prado Coelho, volume X, Livraria Bertrand, 1975
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