sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Os meus livros de Novembro

Eis a Newsletter que  recebemos do editor da Guerra & Paz, Manuel S. Fonseca. 
"Esta newsletter começa com gatos e acaba com tigres. Parece que tem garras, mas vão ver que é meiguinha. Obrigado, queridas amigas e queridos amigos, por me lerem.
Os meus livros de Novembro
gatos e tigres brilham na noite escura
por Manuel S. Fonseca
Há gatos, uma fila de gatos a invadir esta newsletter. Deixem que os gatos, os gatos de Eugénio Lisboa, se aninhem no vosso colo. Manual Prático de Gatos para Uso Diário e Intenso foi o último livro que Eugénio Lisboa, antes de se ir passear pelas altas montanhas celestes, me deu, mão na mão. Em 31 sonetos, irmanado com Da Vinci ou T. S. Eliot, Eugénio canta os gatos, canta-lhes a sabedoria, a astúcia. Este Manual Prático de Gatos para Uso Diário e Intenso é lindo: cheio de fotos de uma comunidade de amantes de gatos. Otília Pires Martins trouxe-me as imagens; Onésimo Teotónio Almeida escreveu um substancial posfácio e o livro ficou felino, com faiscantes olhos de gato a brilhar na noite escura. É, juro, a mais bela prenda de Natal, um pudim de Abade de Priscos para adoçar consoadas.
E agora troco os deliciosos gatos do Eugénio pelo grande tigre que é a História. Dedico-lhe três livros. O primeiro é a História de Angola, da Pré-História ao Início do séc. XXI da autoria do historiador Alberto Oliveira Pinto. É uma história de três «émes»: monumental, minuciosa, múltipla. Uma edição ambiciosa, com mais de 800 páginas, que teve um mecenas exclusivo, o dstgroup, uma empresa privada com uma política cultural de responsabilidade social única: o dstsgroup vai levar esta História de Angola às bibliotecas públicas portuguesas, mas mais, aos leitores angolanos, numa acção inovadora, a anunciar. A Guerra e Paz faz a vénia ao Eng. José Teixeira, a quem já devíamos o apoio ao maravilhoso Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, a mais completa antologia de poesia angolana, e a quem, agora, em dois continentes, os leitores têm de agradecer esta História de Angola.
E há mais dois livros sobre esse fascinante tigre fulvo que é a História: dois Atlas, a saber, o Atlas da China, a Potência Alternativa, de Thierry SanjuanCarine Henriot, com mapas de Madeleine Benoit-Guyod, e o Atlas Histórico da Rússia, de Ivan III a Vladimir Putin, de François-Xavier NérardMarie-Pierre Rey, com cartografia de Cyrille Suss. São dois Atlas acutilantes, sínteses notáveis, com mais de 100 mapas, sobre essas nações gigantes, esses dois tremendos espectros (cheios de História e de irreprimível potência) que assombram a Europa. Mas, por favor, não tremam, leiam!
E há um sueco que não tem medo de enfiar um dedo e mexer o quente caldo da História (ou que puxou à História o rabo de fora do gato escondido). Estou a falar de Johan Norberg, um historiador que acredita no futuro, nas empresas, nos direitos humanos e no comércio livre.  Escreveu um livro com um título, O Manifesto Capitalista, que fez sorrir Marx no túmulo (eu vi, que costumo ir lá visitá-lo), a que acrescentou um subtítulo que nunca mais acaba e é um grande começo de conversa: O mercado livre global irá salvar o mundo. Como? Porquê? É o 19.º volume da colecção Os Livros Não se Rendem, a menina dos meus olhos, e menina dos olhos da Fundação Manuel António da Mota e da Mota, Gestão e Participações que nos dão o seu alto patrocínio. E como são sempre pessoas que decidem, agradeço ao Eng. António Mota e ao Dr. Luís Parreirão, os firmes três anos de apoio que deram para que os livros nunca se rendam.
E vamos lá ronronar de outro modo. «Chamo virgem à mulher que faz amor com um só homem!» É esta a porta – estive quase para dizer, a cama – de entrada de Emmanuelle, A Antivirgem, o segundo romance de Emmanuelle Arsan. É um romance, pura ficção (garanto que não é impura) à glória de um trio feliz, ou como diz Emmanuelle a outra personagem «é o amor de amar que faz de si a noiva do mundo». Lê-se e mesmo eu, com os meus 71 anos, acabo de maças do rosto rosadas.
E há uma jóia portuguesa que merecia e passa agora a ter um romance. A Jóia Que o Rei Não Quis, da autoria de Mónica Bello, é uma estreia em joalharia e prata. A cortante protagonista deste romance é uma faca de mato real, uma cobiçada obra de arte encomendada por D. Fernando II a um ourives de Lisboa. Comprada por ingleses, a peça acabou no fundo do mar. Resgatada, numa incrível aventura, a faca desagua agora neste A Jóia, romance Indiana Jon  es style assinado por Mónica Bello. Claro, a Fidelidade, proprietária há 148 anos dessa peça assombrosa, tinha de ser e é nossa parceira, com o seu alto patrocínio.
São estes os sete livros de Novembro da Guerra e Paz. Quantas vidas há neles: tantas ou mais do que as dos gatos do tão belo adeus que Eugénio Lisboa nos deixa?
E agora entram os gatos da Rita Fonseca – e é uma pena que Eugénio Lisboa nunca tenha conhecido a Nico, a negríssima e sumamente independente gata da minha filha. Os gatos da Euforia, a nossa nova chancela são dois romances de garras afiadas. Celebrity Crush tem um título inglês, mas é de uma autora lusíada, Clara Novo. Quase tudo se passa em Londres e a viagem vale a pena: é romântica, mas também é sexy.  E, surpresa, há uma via hilariante para a autodescoberta.
Já Um Amigo no Escuro é o título português de um romance americano de Samantha M. Bailey. Se se lembram com nostalgia dos amigos de liceu ou de universidade, que já não vêem há décadas, pensem bem antes de os voltarem a ver: desaconselha-vos que se metam num romance virtual escaldante quem já leu este Um Amigo no Escuro."
Manuel S. Fonseca, editor (Guerra & Paz)

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