Eis a Newsletter que recebemos do editor da Guerra & Paz, Manuel S. Fonseca.
"Esta
newsletter começa com gatos e acaba com tigres. Parece que tem garras, mas vão
ver que é meiguinha. Obrigado, queridas amigas e queridos amigos, por me lerem.
Os
meus livros de Novembro
gatos e tigres brilham na noite escura
por
Manuel S. Fonseca
Há
gatos, uma fila de gatos a invadir esta newsletter. Deixem que os
gatos, os gatos de Eugénio Lisboa, se aninhem no vosso
colo. Manual Prático de Gatos para Uso Diário e Intenso foi
o último livro que Eugénio Lisboa, antes de se ir passear pelas
altas montanhas celestes, me deu, mão na mão. Em 31 sonetos, irmanado com Da
Vinci ou T. S. Eliot, Eugénio canta os gatos, canta-lhes a sabedoria, a
astúcia. Este Manual Prático de Gatos para Uso Diário e Intenso é
lindo: cheio de fotos de uma comunidade de amantes de gatos. Otília Pires
Martins trouxe-me as imagens; Onésimo Teotónio Almeida escreveu um substancial
posfácio e o livro ficou felino, com faiscantes olhos de gato a brilhar na
noite escura. É, juro, a mais bela prenda de Natal, um pudim de Abade de
Priscos para adoçar consoadas.
E
agora troco os deliciosos gatos do Eugénio pelo grande tigre que é a História.
Dedico-lhe três livros. O primeiro é a História de Angola, da Pré-História ao Início do séc. XXI da
autoria do historiador Alberto Oliveira Pinto. É uma história de
três «émes»: monumental, minuciosa, múltipla. Uma edição ambiciosa, com mais de
800 páginas, que teve um mecenas exclusivo, o dstgroup, uma empresa
privada com uma política cultural de responsabilidade social única: o dstsgroup vai
levar esta História de Angola às bibliotecas públicas
portuguesas, mas mais, aos leitores angolanos, numa acção inovadora, a
anunciar. A Guerra e Paz faz a vénia ao Eng. José Teixeira, a quem já devíamos
o apoio ao maravilhoso Entre a Lua, o Caos e o Silêncio: a Flor, a mais
completa antologia de poesia angolana, e a quem, agora, em dois continentes, os
leitores têm de agradecer esta História de Angola.
E
há mais dois livros sobre esse fascinante tigre fulvo que é a História: dois
Atlas, a saber, o Atlas da China, a Potência Alternativa, de Thierry
Sanjuan, Carine Henriot, com mapas de Madeleine
Benoit-Guyod, e o Atlas Histórico da Rússia, de Ivan III a Vladimir Putin,
de François-Xavier Nérard, Marie-Pierre Rey, com
cartografia de Cyrille Suss. São dois Atlas acutilantes, sínteses
notáveis, com mais de 100 mapas, sobre essas nações gigantes, esses dois
tremendos espectros (cheios de História e de irreprimível potência) que
assombram a Europa. Mas, por favor, não tremam, leiam!
E
há um sueco que não tem medo de enfiar um dedo e mexer o quente caldo da
História (ou que puxou à História o rabo de fora do gato escondido). Estou a
falar de Johan Norberg, um historiador que acredita no futuro, nas
empresas, nos direitos humanos e no comércio livre. Escreveu um livro com
um título, O Manifesto Capitalista, que fez sorrir Marx no túmulo
(eu vi, que costumo ir lá visitá-lo), a que acrescentou um subtítulo que nunca
mais acaba e é um grande começo de conversa: O mercado livre global irá
salvar o mundo. Como? Porquê? É o 19.º volume da colecção Os Livros Não se Rendem, a menina dos meus olhos, e
menina dos olhos da Fundação Manuel António da Mota e da Mota, Gestão e
Participações que nos dão o seu alto patrocínio. E como são sempre pessoas que
decidem, agradeço ao Eng. António Mota e ao Dr. Luís Parreirão, os firmes três
anos de apoio que deram para que os livros nunca se rendam.
E
vamos lá ronronar de outro modo. «Chamo virgem à mulher que faz amor com um
só homem!» É esta a porta – estive quase para dizer, a cama – de entrada
de Emmanuelle, A Antivirgem, o segundo romance de Emmanuelle
Arsan. É um romance, pura ficção (garanto que não é impura) à glória de um
trio feliz, ou como diz Emmanuelle a outra personagem «é o amor de amar que
faz de si a noiva do mundo». Lê-se e mesmo eu, com os meus 71 anos, acabo
de maças do rosto rosadas.
E
há uma jóia portuguesa que merecia e passa agora a ter um romance. A Jóia Que o Rei Não Quis, da autoria de Mónica
Bello, é uma estreia em joalharia e prata. A cortante protagonista deste
romance é uma faca de mato real, uma cobiçada obra de arte encomendada por D.
Fernando II a um ourives de Lisboa. Comprada por ingleses, a peça acabou no
fundo do mar. Resgatada, numa incrível aventura, a faca desagua agora
neste A Jóia, romance Indiana Jon es style assinado
por Mónica Bello. Claro, a Fidelidade, proprietária há 148 anos
dessa peça assombrosa, tinha de ser e é nossa parceira, com o seu alto
patrocínio.
São
estes os sete livros de Novembro da Guerra e Paz. Quantas vidas há neles:
tantas ou mais do que as dos gatos do tão belo adeus que Eugénio Lisboa nos
deixa?
E
agora entram os gatos da Rita Fonseca – e é uma pena que Eugénio Lisboa nunca
tenha conhecido a Nico, a negríssima e sumamente independente gata da minha
filha. Os gatos da Euforia, a
nossa nova chancela são dois romances de garras afiadas. Celebrity
Crush tem um título inglês, mas é de uma autora lusíada, Clara
Novo. Quase tudo se passa em Londres e a viagem vale a pena: é romântica,
mas também é sexy. E, surpresa, há uma via hilariante para a
autodescoberta.
Já Um
Amigo no Escuro é o título português de um romance americano
de Samantha M. Bailey. Se se lembram com nostalgia dos amigos de
liceu ou de universidade, que já não vêem há décadas, pensem bem antes de os
voltarem a ver: desaconselha-vos que se metam num romance virtual escaldante
quem já leu este Um Amigo no Escuro."
Manuel
S. Fonseca, editor (Guerra & Paz)
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